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Sistemas agroflorestais: o que são e como funcionam

Sistemas agroflorestais (SAFs) são formas de organização do uso do solo que buscam imitar o funcionamento de florestas naturais. Para isso, combinam o plantio com a agricultura e, por vezes, a pecuária.

Os sistemas agroflorestais promovem a biodiversidade e a sustentabilidade local.

Como funciona

Um SAF busca reproduzir a estrutura de uma floresta natural, com objetivo econômico, social e/ou ecológico. Esse tipo de sistema integra diferentes espécies (vegetais e até animais), de modo que elas convivam e se beneficiem mutualmente.

O primeiro passo para estruturar um Sistema Agroflorestal é definir o objetivo do sistema. Pode ser produção de alimentos, recuperação de uma área degradada, conservação da biodiversidade local, dentre outros. A partir do objetivo é possível definir as espécies que serão utilizadas.

O segundo passo é organizar as plantas em estratos, ou seja, em camadas a partir de suas respectivas alturas. Utiliza-se geralmente uma camada alta, uma média, uma baixa e uma subterrânea. O propósito disso é que as espécies mais altas protejam as mais baixas, de forma progressiva.

O terceiro passo é a implantação, ou seja, o plantio das espécies de acordo com o seu tempo adequado de crescimento e manejo.

O quarto passo é o manejo, que consiste em poda, adubação e controle de pragas.

O quinto e último passo são as colheitas por escala. Considerando que são espécies diferentes, elas também terão ciclos distintos de colheita.

Esquema com exemplo de sistema agroflorestal

Tipos de sistemas agroflorestais brasileiros

O tipo de SAF utilizado vai depender da finalidade, da tecnologia disponível, do arranjo das espécies, do tempo de implantação e do contexto socioambiental local.

Os principais sistemas agroflorestais utilizados no Brasil são:

  1. Agrossilvicultura: une culturas agrícolas e árvores. É comum em áreas de agricultura familiar tradicional. Produz alimentos ao mesmo tempo em que reduz a erosão do solo.
  2. Silvipastoril: combina árvores com pastagens e pecuária. Mais utilizado na região Centro-Oeste e parte do Sudeste, que concentram criação de animais. Esse sistema melhora o bem-estar animal, aumenta a produtividade e recupera áreas degradadas.
  3. Agrossilvipastoril: une culturas agrícolas com árvores e pecuária. Esse tipo melhora o aproveitamento do solo, diversifica a produção e reduz riscos econômicos.
  4. Comercial: esse tipo une culturas agrícolas de maior valor econômico com espécies de árvores. O objetivo é aumentar a renda das populações locais. Por exemplo, a produção conjunta de cacau e banana, e a produção de açaí e castanha-do-pará.
  5. Restauração ecológica: usado para recuperação de áreas degradadas e para áreas de preservação. Geralmente é utilizado por programas ambientais e ONGs.

Benefícios dos sistemas agroflorestais

O uso dos SAFs gera benefícios sociais, ambientais e econômicos.

Dentre os benefícios ambientais estão a recuperação de áreas degradadas, do solo e, consequentemente, da biodiversidade. Quando o solo passa a ter vida novamente, as espécies de plantas e animais também se regeneram. Além disso, o desmatamento diminui após a implantação desses sistemas.

Do ponto de vista socioeconômico, os sistemas agroflorestais ajudam a aumentar a renda do trabalhador rural, e com isso fortalecem a agricultura familiar. Nesse sistema os saberes tradicionais muitas vezes são incorporados às ciências, fortalecendo o vínculo do trabalhador com a terra.

Além da geração de renda, a diversidade de produtos no mercado também aumenta, favorecendo a economia local, regional e nacional.

Por ser um sistema sustentável e que não utiliza agrotóxicos, os SAFs ajudam a produzir alimentos mais saudáveis.

Dificuldades de implantação

As principais dificuldades de implantação dos sistemas agroflorestais no Brasil são relacionadas à questões econômicas, técnicas e sociais, como listado a seguir:

  • Custo inicial elevado: para implantar um SAF é preciso estudo, compra de mudas, criação de infraestrutura, ferramentas de manejo, etc.;
  • Demora no retorno econômico: os SAFs produzem em ciclos longos, o que torna mais difícil incorporá-los à agricultura comercial;
  • Pouco conhecimento técnico: muitos agricultores não têm conhecimento técnico suficiente para colocar em prática um SAF. É preciso conhecimento em ecologia, interação entre espécies, dentre outros;
  • Falta de assistência técnica: em caso de necessidade, é difícil encontrar profissionais capacitados para o manejo correto;
  • Falta de políticas públicas: faltam políticas integrativas e financiamentos aos agricultores que desejam modificar suas terras.

Para superar esses obstáculos é preciso investimento em capacitação, incentivos governamentais, crédito rural acessível, dentre outros.

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Estude também: Sistemas agrícolas.

Referências Bibliográficas

EMBRAPA. Sistemas agroflorestais. Brasília, DF: Embrapa, 2021. Disponível em: https://www.embrapa.br/tema-sistemas-agroflorestais. Acesso em: 05 ago. 2025.

FONSECA, Claudia L. da; SILVA, João A. da. Sistemas agroflorestais e políticas públicas: uma análise crítica do contexto brasileiro. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 35, n. 1, p. 141-162, 2018.

MONTAGNINI, Florencia; NAIR, P. K. Ramachandran. Agroforestry: a global land use. Dordrecht: Springer, 2004.