República Populista (1945-1964)
A República Populista - também chamada de Quarta República Brasileira - foi um período que ocorreu entre 1945 e 1964. Teve início com o fim do Estado Novo e terminou com o golpe militar de 1964.
Nesse período, quatro diferentes presidentes foram eleitos, marcando o retorno do processo democrático após o fim da ditadura varguista em 1945. Na República Populista, foram eleitos como presidentes Eurico Gaspar Dutra (PSD), Getúlio Vargas (PTB), Juscelino Kubitschek (PSD) e Jânio Quadros (PTN). Vale lembrar que João Goulart (PTB) também foi presidente, assumindo após a renúncia de Jânio Quadros.
Características da República Populista
Embora as eleições tenham transcorrido normalmente, essa época foi marcada pela elevada instabilidade política. Houve tentativas de golpe de estado e até mesmo o suicídio de um presidente em exercício: Getúlio Vargas.
Politicamente, quatro partidos políticos tinham maior importância:
- o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), ligado à herança trabalhista de Getúlio Vargas;
- o Partido Social Democrático (PSD), representante das oligarquias simpáticas ao varguismo;
- a União Democrática Nacional (UDN), ligada às elites regionais e ao antivarguismo;
- o Partido Comunista Brasileiro (PCB), que permanecia influente entre os trabalhadores, mas ficou ilegal durante a maior parte do período.
No campo econômico e social, a República Populista foi marcada pela continuidade da industrialização, do crescimento populacional e da urbanização do Brasil.
Por outro lado, as desigualdades sociais e regionais se agravaram, tornando o Brasil um país ainda mais desigual.
Foi durante a República Populista que a capital federal foi transferida para Brasília.
Neste conteúdo você vai encontrar os governos que fizeram parte da República Populista e as suas características:
- Governo Dutra (1946-1951)
- Segundo Governo Vargas (1951-1954)
- Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
- Governo Jânio Quadros (1961)
- Governo João Goulart (1961-1964)
Governo Dutra (1946-1951)
Eurico Gaspar Dutra foi o primeiro presidente da República Populista. Seu governo sucedeu o Estado Novo, a ditadura liderada por Getúlio Vargas.

Sua eleição ocorreu logo após a Segunda Guerra Mundial. A participação do Brasil no conflito provocou uma crise interna no Estado Novo. Afinal, o Brasil lutou ao lado dos Aliados contra as ditaduras nazifascistas, enquanto Vargas mantinha uma ditadura no país.
Isso provocou uma pressão pela democratização e Vargas acabou afastado da presidência em 1945. No entanto, permanecia uma figura popular devido à criação de leis trabalhistas em seu governo.
Após decidir que não concorreria à presidência, Vargas escolheu apoiar Eurico Gaspar Dutra (PSD), ministro da Guerra durante seu governo, nas eleições de 1945.
Com o apoio de Vargas, Dutra venceu seu principal oponente, o Brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), e tomou posse em 1946.
Seu governo foi marcado pela criação de uma nova constituição para o Brasil, a Constituição de 1946. Na política externa, o Brasil se alinhou aos Estados Unidos na Guerra Fria. Como reflexo disso, o Partido Comunista Brasileiro foi posto na ilegalidade durante o Governo Dutra.
Economicamente, Dutra adotou uma política de maior liberdade econômica, que não obteve êxito. Tentando reverter o processo, buscou ampliar a participação do Estado na economia com um novo plano econômico, o Plano SALTE.
Segundo Governo Vargas (1951-1954)
Nas eleições seguintes, Vargas decidiu candidatar-se novamente à presidência. Ele permanecia popular entre a classe trabalhadora e prometia combater a inflação e melhorar o poder de compra da população.
Vargas venceu as eleições com mais de 48%, derrotando novamente Eduardo Gomes, da UDN.
No entanto, seu governo foi marcado por grande instabilidade econômica e política. O fracasso dos planos econômicos de Dutra deixaram a inflação elevada, enquanto a oposição da UDN acusava Vargas de tentar restaurar sua ditadura.
Um dos maiores feitos do Segundo Governo Vargas foi a criação da Petrobras (Petróleo Brasileiro SA). Na época, havia ampla discussão sobre nacionalizar a produção de petróleo, ou seja, que essa riqueza fosse explorada somente por uma empresa brasileira.
Após mobilização popular, o governo aprovou a Lei nº 2.004, de 3 de outubro de 1953, que deu exclusividade à Petrobras na exploração de petróleo no Brasil.

Seu governo também ficou conhecido pelo aumento do salário mínimo em 100% em 1954, medida proposta pelo ministro do trabalho João Goulart para recuperar o poder de compra da população.
O final de seu governo foi turbulento. Vargas foi associado a uma tentativa de assassinato de seu principal opositor, Carlos Lacerda. As investigações sobre o atentado na Rua Tonelero revelaram que o chefe da segurança pessoal de Vargas estava envolvido.
Com isso, setores das forças armadas se mobilizaram para remover Vargas da presidência através de um golpe. No entanto, antes que isso acontecesse, Vargas cometeu suicídio em 1954, gerando enorme comoção popular e impedindo a ação dos militares.
Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Juscelino Kubitschek, conhecido como JK, foi eleito presidente em 1955 pelo PSD. Sua eleição foi contestada pela UDN, que questionou sua vitória por ter obtido menos de 50% dos votos. No entanto, JK assumiu normalmente após a intervenção militar que garantiu sua posse.
Seu governo foi marcado pelo otimismo e pelo lema "50 anos em 5", que prometia acelerar o desenvolvimento do Brasil. JK criou o Plano de Metas, um ambicioso programa de desenvolvimento que priorizava cinco áreas: energia, transporte, alimentação, indústrias de base e educação.
O maior símbolo do governo JK foi a construção de Brasília, a nova capital federal. A cidade foi construída do zero no interior do país, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e pelo urbanista Lúcio Costa. Brasília foi inaugurada em 1960 e representava a modernização e o progresso do Brasil.

Economicamente, o governo JK foi marcado pelo forte crescimento industrial e pela entrada de empresas estrangeiras no país, especialmente montadoras de automóveis. No entanto, esse desenvolvimento gerou alta inflação, aumento da desigualdade social e da dívida externa.
Politicamente, JK conseguiu manter a estabilidade e completar seu mandato, algo raro na República Populista.
Governo Jânio Quadros (1961)
Jânio Quadros foi eleito presidente em 1960 com uma vitória esmagadora, obtendo 48% dos votos. Ele prometia combater a corrupção e "varrer" os problemas do país com uma "nova política".
No entanto, seu governo durou apenas sete meses. Jânio adotou medidas polêmicas tanto na economia quanto na política externa. Internamente, tentou controlar a inflação com medidas rígidas. Na política externa, aproximou-se de países socialistas como Cuba, o que desagradou setores conservadores.
Em agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou inesperadamente à presidência, alegando pressões de "forças ocultas".
Governo João Goulart (1961-1964)
A renúncia de Jânio Quadros gerou uma grave crise política. Pela Constituição, o vice-presidente João Goulart deveria assumir a presidência. No entanto, setores militares e conservadores se opunham a sua posse, pois Jango era considerado muito próximo aos comunistas e aos movimentos de esquerda.

A crise foi resolvida com a adoção do parlamentarismo, que reduziu os poderes presidenciais. Jango assumiu em 1961, mas com poderes limitados. Em 1963, um plebiscito restaurou o presidencialismo.
O governo Jango foi marcado por intensa polarização política. Ele propôs as "Reformas de Base", que incluíam reforma agrária, urbana e universitária. Essas propostas geraram forte oposição dos setores conservadores.
A crise se agravou quando Jango passou a contar cada vez mais com o apoio de movimentos de esquerda e sindicatos. Em março de 1964, durante um comício na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, Jango anunciou a assinatura de decretos das reformas, o que foi visto como radicalização.
A resposta veio em 31 de março de 1964, quando os militares iniciaram um golpe que derrubou João Goulart, encerrando a República Populista e dando início à ditadura militar.
Mapa Mental sobre a República Populista

Para praticar: Exercícios sobre República Populista (1945-1964)
Referências Bibliográficas
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013.
FREITAS NETO, José Alves de e TASINAFO, Célio Ricardo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Harbra, 2006.
SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloisa Maria Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
PEREIRA, Lucas. República Populista (1945-1964). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/republica-populista/. Acesso em: