Redação sobre saúde mental: aprenda como fazer (com exemplos)

A saúde mental é um tema atual, em alta na sociedade, e tem grandes chances de aparecer em uma prova como a do ENEM, que valoriza discussões sobre cidadania, políticas públicas e bem-estar social.

Para escrever uma redação nota 1000 sobre esse assunto, é importante compreender tanto os avanços trazidos pela valorização do cuidado psicológico quanto os riscos e desafios que o Brasil enfrenta para garantir esse direito de forma efetiva.

Neste conteúdo você encontra:

• Como se preparar para o tema
• Identifique o problema central
• Defina uma tese clara
• Escolha bons argumentos
• Use repertórios estratégicos
• Finalize com uma proposta de intervenção
• Modelo de redação nota 1000

Como se preparar para o tema

O ENEM costuma abordar seus temas a partir de situações-problema. Além disso, o problema é sempre vinculado à realidade brasileira. Desse modo, uma redação sobre saúde mental provavelmente apareceria vinculada a termos como “os desafios”, “a importância”, “a negligência” ou “a promoção”.

Siga, então, esses passos para planejar sua redação nota 1000.

Identifique o problema central

Se o tema for “Os desafios para a promoção da saúde mental no Brasil”, por exemplo, é preciso pensar em quais dificuldades sociais, culturais ou políticas envolvem a questão.

Atente-se ao recorte: não se trata apenas de discutir o que é saúde mental, mas sim os obstáculos que impedem que ela seja de fato promovida na realidade brasileira. Isso pode envolver desde a falta de políticas públicas até o estigma social em torno de doenças psicológicas.

Defina uma tese clara

Sua opinião deve ser nítida e original. A tese deve dialogar com a coletânea e, ao mesmo tempo, trazer sua autoria. Por exemplo, pode-se afirmar que a negligência histórica com a saúde mental no Brasil se manifesta tanto na carência de políticas públicas quanto na persistência de preconceitos sociais.

O importante é manter uma linha de raciocínio coerente: não tente abarcar tudo, mas escolha dois ou três aspectos que realmente consiga desenvolver bem.

Escolha bons argumentos

Os parágrafos de desenvolvimento são onde seus argumentos aparecem. Eles devem complementar e comprovar a tese. Além disso, é interessante que eles se relacionem entre si, seja por causa e consequência, seja por complementaridade.

Alguns caminhos possíveis:

• Questão estrutural: falta de investimentos e de profissionais especializados no Sistema Único de Saúde (SUS).
• Questão social: estigma e preconceito em relação a transtornos mentais, que dificultam a busca por tratamento.
• Questão educacional: ausência de programas de conscientização nas escolas e ambientes de trabalho.

Use repertórios estratégicos

O repertório deve estar alinhado ao tema e ao recorte. Para saúde mental, alguns repertórios possíveis são:

• A Constituição Federal de 1988, que garante o direito à saúde como dever do Estado e direito de todos.
• A Lei 10.216/2001 (Lei da Reforma Psiquiátrica), que regulamenta os direitos de pessoas em sofrimento mental.
• O acontecimento nas Olimpíadas de 2020 envolvendo a ginasta supercampeã Simone Biles, que no decurso da competição em Tóquio anunciou sua saída da competição em prol da sua saúde mental, levantando a bandeira do tópico dentro do esporte. Vale ressaltar que em 2024 (Paris), a atleta retornou ao esporte e conquistou medalhas de ouro.
• O filme “O Lado Bom da Vida”, que retrata o impacto social de transtornos psicológicos.
• O filme nacional, e com aspectos biográficos, “Nise: o coração da loucura”, que retrata a luta antimanicomial da doutora Nise da Silveira.
• A Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma fonte de autoridade que aponta que o Brasil é um dos países com maiores índices de ansiedade e depressão no mundo.
• Filósofos como Michel Foucault, que analisou a marginalização histórica da loucura.

Finalize com uma proposta de intervenção

Como o ENEM exige, a conclusão deve propor ações concretas, com:

• agente,
• ação,
• meio,
• finalidade,
• detalhamento.

Por exemplo: o Ministério da Saúde pode ampliar investimentos em CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), escolas podem promover campanhas de conscientização, e meios de comunicação podem combater estigmas com campanhas nacionais. Outros órgãos e instituições que possam agir em âmbito nacional, conforme discutido no tema e na tese, podem ser úteis.

Vamos ver um exemplo desse tipo de redação? Tente identificar os pontos abordados dentro do texto de exemplo.

Modelo de redação nota 1000

Tema: Os desafios para a promoção da saúde mental no Brasil

No livro História da Loucura, Michel Foucault explica como a sociedade, ao longo do tempo, marginalizou indivíduos com transtornos psicológicos, tratando-os como desviantes e não como cidadãos com direitos. Essa reflexão é pertinente à realidade brasileira, já que, mesmo com avanços legais, como a Lei da Reforma Psiquiátrica (2001), persistem desafios significativos para a promoção da saúde mental no país. Entre eles, destacam-se a insuficiência de políticas públicas eficazes e a permanência de estigmas sociais que dificultam o tratamento adequado.

Um primeiro entrave é de ordem estrutural: a carência de investimentos e de profissionais especializados no Sistema Único de Saúde. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o Brasil está entre os países com maior prevalência de transtornos de ansiedade e depressão. No entanto, a rede pública de atenção psicossocial não consegue atender de forma satisfatória essa demanda crescente, o que compromete o direito à saúde previsto na Constituição Federal de 1988. Assim, a precariedade da estrutura estatal contribui para a perpetuação do sofrimento psicológico.

Além disso, o preconceito social em relação às doenças mentais constitui outro obstáculo relevante. Muitos indivíduos deixam de buscar atendimento por receio de serem discriminados, o que reforça o isolamento e agrava os quadros clínicos. Esse cenário confirma a análise de Foucault sobre a exclusão histórica da loucura e mostra como, ainda hoje, o estigma opera como barreira cultural à promoção da saúde mental. Portanto, é imprescindível desconstruir essas representações negativas para que o cuidado psicológico seja visto como parte legítima do bem-estar social.

Diante desse contexto, é necessário que o Estado, por meio do Ministério da Saúde, amplie os investimentos em CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), garantindo maior cobertura territorial e contratação de profissionais especializados. Paralelamente, escolas e universidades devem promover campanhas educativas que normalizem a busca por ajuda psicológica, enquanto os meios de comunicação, em parceria com organizações da sociedade civil, podem veicular campanhas nacionais de combate ao estigma. Assim, será possível enfrentar os desafios da saúde mental no Brasil e assegurar a efetivação do direito constitucional à saúde de forma ampla e inclusiva.

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