Políticas de preservação do patrimônio cultural: o que é e quais são
Políticas de preservação referem-se às ações, leis, instituições, instrumentos administrativos e jurídicos, programas de fomento, educação patrimonial etc., que visam identificar, proteger, conservar, restaurar, promover e transmitir às futuras gerações o patrimônio cultural.
Elas envolvem Estado (federal, estadual, municipal), ONG”s (organizações não governamentais), comunidades locais, sociedade civil, especialistas (historiadores, arqueólogos, arquitetos etc.).
Patrimônio cultural é conjunto de bens, materiais e imateriais, que possuem valor para a memória, identidade, história, arte, ciência, estética e também para as tradições religiosas e espirituais de um povo. Estes bens ajudam a preservar a diversidade cultural e permitem que as gerações atuais conheçam seu passado e projetem seu futuro.
Neste conteúdo você encontra:
- Principais políticas/instrumentos de preservação no Brasil
- Atuação do IPHAN e da UNESCO
- Por que é preciso preservar o patrimônio cultural
- Desafios e partes críticas
- Principais tópicos que você precisa revisar sobre esse tema para a prova do ENEM
Principais políticas/instrumentos de preservação no Brasil
Instrumento / Política | Descrição / Função | Base legal ou institucional | Exemplos ou como é aplicado |
---|---|---|---|
Constituição Federal de 1988, Artigo 216 | Define patrimônio cultural: bens materiais e imateriais; estabelece responsabilidade do poder público de protegê-los, promovê-los, preservá-los. | Constituição da República Federativa do Brasil | Serve de base para todas as políticas posteriores; exige que Estado reconheça e proteja patrimônio. |
Decreto-Lei nº 25/1937 | Foi o primeiro regime nacional de proteção com o antigo SPHAN (hoje IPHAN), instituiu o tombamento de bens culturais materiais. | Decreto-Lei federal | Tombamento de monumentos, prédios, conjuntos, por exemplo: igrejas históricas, casarões coloniais. |
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) | Órgão federal responsável por identificar, registrar (tombar), restaurar, promover, definir diretrizes de preservação tanto para bens materiais como imateriais. | Autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura (ou equivalente) | Opera em todo o território nacional; ex.: registro de festas tradicionais, inventário de bens ferroviários. |
Instrumentos jurídicos de proteção | Incluem tombamento, inventário, registro, restrição de uso, zoneamento, registro de bens imateriais, chancelas específicas etc. | Leis federais, estaduais, decretos, portarias do IPHAN etc. | Tombamento de prédios históricos; registro de manifestações folclóricas; proteção de paisagens culturais; inventário de sítios arqueológicos; legislação municipal de preservação urbana. |
Sistema Nacional de Patrimônio Cultural (SNPC) | Política de gestão compartilhada entre União, estados, municípios, sociedade civil; promover articulação federativa para preservação. | Criado no âmbito da política nacional de patrimônio cultural | Permite cooperação, regulamentos comuns, melhores práticas, recursos humanos e financeiros compartilhados. |
Políticas de educação patrimonial | Visa sensibilizar cidadãos, escolas, comunidades sobre importância do patrimônio; incentivar o cuidado, participação comunitária; formar consciência de valor cultural. | Órgãos culturais, IPHAN, secretarias de cultura/educação | Oficinas nas escolas, projetos comunitários, visitas guiadas, divulgação. |
Políticas de fomento e incentivos | Apoio financeiro direto, leis de incentivo, editais, parcerias público-privadas, convênios para restauração ou manutenção. | Leis específicas, fundos culturais, organismos federais e estaduais | Restauração de igrejas, restauração de casas históricas, revitalização de centros históricos urbanos. |
Legislação estadual e municipal de preservação | Estados e municípios têm competência para criar leis locais de tombamento, proteção de patrimônio histórico local, zoneamento urbano etc. | Legislaturas estaduais, câmaras municipais | Prefeituras que decretam patrimônio local, áreas de proteção ao redor de bens tombados, regulamentos urbanísticos que respeitam fachadas históricas. |
Atuação do IPHAN e da UNESCO
O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Cultura, responsável pela preservação do patrimônio cultural brasileiro em todo o território nacional.
Ele atua tanto na proteção dos bens materiais, como monumentos, edificações, sítios arqueológicos e centros históricos, quanto dos bens imateriais, como festas populares, saberes tradicionais, danças, músicas e celebrações.
Entre suas principais funções estão:
- Identificar e inventariar bens culturais de valor histórico, artístico, arquitetônico e paisagístico;
- Registrar e tombar bens materiais e imateriais, garantindo sua proteção legal;
- Restaurar e conservar edificações, monumentos e acervos considerados relevantes para a memória e identidade nacional;
- Definir diretrizes e políticas públicas para a preservação do patrimônio cultural em conjunto com estados, municípios e instituições parceiras;
- Promover ações educativas e culturais que valorizem e difundam a importância do patrimônio para a sociedade.
Enquanto o IPHAN atua dentro do território brasileiro, a UNESCO funciona em âmbito internacional, articulando os esforços dos diferentes países e conferindo reconhecimento mundial aos bens culturais inscritos em suas listas.
A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) é uma agência especializada da ONU responsável por promover a cooperação internacional nas áreas de educação, ciência, cultura e comunicação.
No que se refere ao patrimônio cultural, a UNESCO estabelece normas, convenções e listas oficiais para reconhecer e proteger bens de valor universal excepcional, tanto materiais quanto imateriais, em nível global.
Entre suas principais ações estão:
- A Convenção para a Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural (1972), que criou a Lista do Patrimônio Mundial para bens culturais, naturais e mistos.
- A Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (2003), que instituiu a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
- O incentivo à cooperação técnica, financeira e científica entre os países para a preservação e valorização dos patrimônios reconhecidos.
Por que é preciso preservar o patrimônio cultural
Preservar patrimônio não é apenas conservar prédios bonitos, há múltiplos objetivos:
- Identidade cultural: manter viva a história de comunidades, grupos, regiões e da nação como um todo; reforçar sentimentos de pertencimento.
- Memória histórica: preservar fatos, modos de vida, conquistas e também erros do passado para que não se esqueçam, pois até na memória existe um valor educativo.
- Diversidade cultural: garantir que culturas minoritárias ou tradicionais tenham seus saberes e manifestações reconhecidos e mantidos.
- Planejamento urbano e territorial: conjuntos históricos, paisagens culturais que demandam cuidado em ocupação urbana, uso e expansão; evitam destruição de sítios importantes.
- Desenvolvimento sustentável e turismo: bens culturais podem gerar turismo, renda local, valorização social, mas é preciso gerir bem para não degradarem.
- Direitos culturais: permitir o acesso de todos aos bens culturais, reconhecer que cultura também é direito humano.
Desafios e partes críticas
Apesar dos avanços na legislação e na criação de instituições especializadas, a preservação do patrimônio cultural enfrenta diversos obstáculos que comprometem a sua efetividade.
Entre os principais desafios, destacam-se:
- a limitação de recursos financeiros para restaurações;
- a fiscalização insuficiente que permite a deterioração de bens tombados;
- os conflitos de interesse com o crescimento urbano;
- a falta de conscientização da população local;
- os impactos das mudanças climáticas e da carência de atualização nos inventários e registros existentes.
Principais tópicos que você precisa revisar sobre esse tema para a prova do ENEM
- Definição de patrimônio cultural (material x imaterial).
- Constituição Federal: artigo 216.
- Instituições: IPHAN, órgãos estaduais e municipais.
- Instrumentos legais: tombamento, inventário, registro, legislação municipal, zoneamento, chancelas (ex: paisagem cultural).
- Exemplos de patrimônios nacionais e reconhecidos pela UNESCO.
- Importância para identidade, memória, cultura, turismo.
- Desafios para efetivação das políticas.
- Educação patrimonial e participação social.
Saiba mais sobre patrimônio material e imaterial (com exemplos).
Referências Bibliográficas
CHUVA, Márcia Regina Romeiro. Os arquitetos da memória: sociogênese das práticas de preservação do patrimônio cultural no Brasil (anos 1930–1940). Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.
Constituição da República Federativa do Brasil, 1988 - Artigo 216
FONSECA, Maria Cecília Londres. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ/IPHAN, 2005.
IPHAN. Livro do Tombo: patrimônio cultural brasileiro. Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2016.
IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)- portais oficiais e normas como Decreto-Lei nº 25/1937; portarias relativas ao tombamento e à paisagem cultural. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/uploads/legislacao/Decreto_25_de_30_11_1937.pdf Acesso em 15/09/2025
GUERRERO, Kassandra. Políticas de preservação do patrimônio cultural: o que é e quais são. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/politicas-de-preservacao-do-patrimonio-cultural-o-que-e-e-quais-sao/. Acesso em: