Pantanal (bioma brasileiro): o que é, características e localização

Pantanal ou Complexo do Pantanal é o menor bioma brasileiro e a maior planície de inundação do mundo com 250 mil km² de extensão. Localiza-se no Centro-Oeste brasileiro e estende-se para o Paraguai e a Bolívia.

Possui importância ambiental, econômica, climática e cultural.

Considerado pela UNESCO "Patrimônio Natural Mundial" e "Reserva da Biosfera", essa região possui grande biodiversidade. Contudo, muitos animais deste bioma estão ameaçados de extinção, por exemplo: onça-pintada e a arara azul.

Neste conteúdo você vai encontrar:

• Localização e características naturais do Pantanal
• Principais cidades do Pantanal
• Principais rios do Pantanal
• Importância do Pantanal
• Problemas ambientais do Pantanal

Localização e características naturais do Pantanal

Este bioma localiza-se na bacia do rio Paraguai e numa grande planície sedimentar. Por esse motivo, predominam áreas baixas e planas, de pouca elevação.

A região tem uma dinâmica própria de alternância entre períodos de seca (abril a outubro) e de cheias (novembro a março). Nas cheias, até 80% da área pode ficar inundada. Durante as secas surgem praias fluviais, campos abertos e lagos.

O clima é o Tropical Continental, marcado por verões quentes e úmidos e invernos secos. As chuvas do verão influenciam diretamente o período de cheias.

As principais formações florestais do bioma são: campos inundáveis, florestas ribeirinhas, cerradões e vegetação aquática.

A fauna apresenta uma das maiores biodiversidades do planeta. De acordo com a WWF Brasil, são mais de 4.700 espécies de flora e fauna. Mais de 650 espécies de aves e 260 espécies de peixes. Dentre elas, o tuiuiú (ave símbolo do Pantanal), a arara-azul, jacarés, lobo-guará, dourado, pacu, etc.

O Pantanal está dividido em duas regiões:

Pantanal Norte (Mato-grossense): localiza-se no estado do Mato Grosso, especialmente nos municípios de Cáceres, Poconé e Barão do Melgaço. Possui áreas de alagamento mais extensas e presença de vegetação aquática. Por estar mais ao norte, tem maior proximidade com a influência amazônica e andina. Turismo forte e a presença da Transpantaneira (rota turística para observação da fauna);

Pantanal Sul (Sul-mato-grossense): localiza-se nos municípios de Corumbá, Aquidauana, Porto Murtinho e Miranda, todos no Mato Grosso do Sul. Recebe influência direta do rio Paraguai e suas áreas são mais influenciadas pelo Cerrado e pelo Chaco paraguaio. Possui terrenos mais altos e secos e a tradição da pecuária pantaneira.

Principais cidades do Pantanal

As três principais cidades do Pantanal são:

• Cuiabá (MT): é a capital do Mato Grosso e o principal centro urbano do Pantanal Norte. De onde parte a Rodovia Transpantaneira e possui economia diversificada;
• Corumbá (MS): conhecida como a "capital do Pantanal", fica às margens do rio Paraguai. É a maior cidade diretamente inserida no Pantanal, ou seja, sua parte urbana e rural estão dentro do bioma. Vive da pesca, turismo, mineração e pecuária. Faz fronteira com a Bolívia, ganhando destaque no comércio internacional;
• Poconé (MT): considerada a porta de entrada para o Pantanal Norte. Localiza-se no início da Transpantaneira, e é essencial para o ecoturismo da região.

Principais rios do Pantanal

Os principais rios da região pantaneira, todos pertencentes à bacia do rio Paraguai, são:

• Paraguai: principal da região, que dá nome à bacia. Responsável por grande parte do escoamento das águas do Pantanal;
• Cuiabá: forma o Pantanal cuiabano. Importante para o transporte, pesca e irrigação;
• Taquari: localiza-se no Mato Grosso do Sul, possui regime de cheias sazonais;
• São Lourenço: Afluente do rio Cuiabá, forma áreas alagadas e lagos temporários;

Importância do Pantanal

Ambiental

O Pantanal é a maior planície alagadiça do mundo e aproximadamente metade de sua área pode ficar alagada no período das chuvas (novembro a março).

A alternância entre os períodos de seca e de chuvas serve como um filtro natural. No período de chuva, os sedimentos depositam-se no fundo da planície. Os poluentes ficam retidos no solo e na vegetação alagada, e as plantas e microrganismos decompõem esse material. Isso cria uma espécie de filtragem da água que circula no Pantanal.

Além disso, o Pantanal é um ecótono, ou seja, um bioma de transição. Localiza-se entre a Amazônia, o Cerrado e o Chaco. Isso aumenta ainda mais sua biodiversidade.

Climática

O Pantanal serve como um regulador climático regional. O Centro-Oeste do Brasil sofre com os efeitos da continentalidade, ou seja, o distanciamento do mar e de sua regulagem térmica. A presença do Pantanal ajuda a amenizar os efeitos da amplitude térmica e aumentar a umidade do ar.

As áreas alagadas também auxiliam no armazenamento de gases estufa, atuando como uma espécie de sumidouro de carbono.

Econômica

Na região do Pantanal há a pecuária tradicional pantaneira, criação extensiva de gado adaptado às planícies alagadas.

O turismo ecológico é outra atividade importante na região. Consiste em trilhas ecológicas, pesca esportiva, observação de diversas espécies de aves, safáris fotográficos, dentre outros. Isso gera emprego para a população e diversifica as atividades. Ademais, ajuda a conservar a flora e fauna locais.

A região também tem potencial para o uso sustentável de frutos (baru e guavira) e plantas nativas para criação de fármacos (cumbaru, com propriedades antioxidantes), além da fabricação de mel.

Cultural

Os nativos do Pantanal desenvolveram práticas e culturas únicas. Isso se deve, em grande parte, à geografia local pantaneira. Os povos ribeirinhos e os fazendeiros desenvolveram modos de vida adaptados aos períodos de seca e de cheia.

As festas tradicionais misturam culturas indígenas, paraguaias e sertanejas. As manifestações artísticas, culinárias e religiosas fazem parte da vida pantaneira e influenciam o Brasil como um todo.

Problemas ambientais do Pantanal

A importância e a biodiversidade do Pantanal são ameaçadas por diversos problemas socioambientais da região. Os principais são:

Queimadas

No período abril a setembro, o Pantanal passa por uma estiagem que reduz a quantidade de chuvas na região. A vegetação seca tem mais facilidade de propagar o fogo. Além disso, os ventos fortes espalham rapidamente as chamas.

A maior parte das queimadas provém de ações humanas. As queimadas são realizadas para abrir pastagens, áreas agrícolas e até mesmo para espantar animais (caça ilegal).

Os fatores climáticos tornam-se potencializadores dos efeitos das ações humanas.

Desmatamento

A expansão da agropecuária é o principal fator de desmatamento no Pantanal. A pecuária e a agricultura mecanizada pressionam as áreas naturais.

O desmatamento provoca erosão e assoreamento dos rios próximos.

Contaminação das águas

O uso excessivo de agrotóxicos contamina os rios, peixes, aves e até mesmo os humanos que se alimentam desses animais. Além disso, contamina a vegetação e o solo.

Os resíduos de mineração, principalmente no Mato Grosso do Sul, também contaminam as águas do Pantanal.

Caça e pesca predatória

A caça é proibida na região, mas ainda ameça espécies como a onça-pintada e o cervo-do-pantanal.

A pesca, especialmente em períodos proibidos (como da desova, por exemplo) desequilibra o ecossistema.

Pressões urbanas

O crescimento desordenado das cidades gera esgoto, lixo e poluição que vão direto para as águas e o solo do Pantanal. Muitas cidades não possuem tratamento adequado de lixo e de esgoto, o que agrava ainda mais a situação.

O turismo sem planejamento também pode impactar negativamente, principalmente as áreas e ecossistemas mais sensíveis.

Mudanças climáticas

O aquecimento global também impacta o Pantanal. De acordo com o MapBiomas, de 1985 a 2023, o Pantanal registrou diminuição das áreas alagadas e prolongamento dos períodos de seca.

Isso altera os períodos de cheia e vazão dos rios, impacta nos ecossistemas e na vida humana, além de aumentar o risco de queimadas.

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