🔥 Plano mensal agora só R$ 29,90/mês! Termina em Assine agora

O Brasil na Segunda Guerra Mundial

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Professora de História

A participação brasileira na Segunda Guerra Mundial começou em 16 de setembro de 1944, durou sete meses e teve como objetivo a libertação da Itália.

A entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial

Conflitos com a Alemanha

O Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, após ceder à pressão do governo norte-americano para encerrar o período de neutralidade adotado pelo presidente Getúlio Vargas.

Até 1937, o Brasil mantinha relações cordiais com a Alemanha, condição rompida no ano seguinte.

Ainda assim, o país manteve a neutralidade. A situação mudaria em 1942, quando o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Eixo.

Assim, 19 navios brasileiros foram atacados na costa brasileira pelas forças alemãs, causando a morte de 500 pessoas.

Incentivo econômico dos Estados Unidos: o Brasil entra na guerra ao lado dos Aliados

Houve intensa pressão popular para a entrada do Brasil na guerra, e o governo de Getúlio Vargas passou a apoiar os Aliados.

Apesar de os americanos se oporem, o governo brasileiro queria enviar soldados para o conflito.

Getúlio Vargas conseguiu que o presidente norte-americano, Franklin Roosevelt, modernizasse as Forças Armadas e concedesse empréstimos para construir uma usina siderúrgica no país.

Esta seria a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), localizada em Volta Redonda/RJ.

Em troca, o Brasil cedia um terreno no Rio Grande do Norte para os americanos instalarem uma base militar. Esta tinha o objetivo de ser o local de decolagem dos aviões que rumavam à Europa, e ficou conhecida como o "Trampolim da Vitória".

Até então, críticos duvidavam da capacidade da participação brasileira no conflito. Diziam que “seria mais fácil uma cobra fumar do que a FEB embarcar”. Por esse motivo, o símbolo da FEB (Força Expedicionária Brasileira) era uma cobra fumando um cachimbo.

Cronologia da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial
Cronologia da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial
Ainda com dúvidas? Pergunta ao Ajudante IA do Toda Matéria

O contingente brasileiro na guerra

A declaração de guerra contra a Alemanha e a Itália ocorreu no dia 31 de agosto de 1942. O Exército brasileiro, porém, contava com um parco contingente.

Foi preciso convocar recrutas e reservistas, como médicos, enfermeiras e advogados.

O decreto que formava a FEB (Força Expedicionária Brasileira) foi assinado em 9 de agosto de 1943. A FEB se incorporou ao Exército americano e foi treinada por eles na Itália.

O contingente da FEB era formado por 25.445 mil homens para atuar exclusivamente na guerra. Destes, 450 soldados morreram e três mil soldados ficaram feridos no decorrer da campanha do Brasil.

O contingente brasileiro estava dividido em oito unidades:

  • 1º Regimento de Infantaria, do Rio de Janeiro;
  • 6º Regimento de Infantaria, de Caçapava, São Paulo;
  • 11º Regimento de Infantaria, de São João Del Rei, Minas Gerais;
  • Quatro grupos de artilharia;
  • 9º Batalhão de Engenharia, Aquidauana, Mato Grosso do Sul;
  • 1º esquadrão de reconhecimento;
  • 1º Batalhão de Saúde;
  • tropas especiais e 67 enfermeiras.

Também a recém-criada Força Aérea Brasileira (FAB) participou do conflito.

Sob o lema de “Senta a Pua”, sua unidade principal era o 1º Grupo de Aviação de Caça (GAC), equipado com aviões P47 Thunderbolt.

Era composta por 374 militares e 28 aviões, dos quais 16 foram abatidos, cinco pilotos mortos em combate e cinco feitos prisioneiros.

O Brasil na Segunda Guerra Mundial
Os soldados brasileiros enviados à Segunda Guerra combateram na Itália

Batalhas que o Brasil participou na Segunda Guerra Mundial

Os soldados brasileiros chegaram no dia 16 de julho de 1944 à Itália. Lutando ao lado do exército dos EUA, os brasileiros conseguiram expulsar o Exército alemão que ainda resistia no norte da Itália.

Em setembro de 1944, os soldados brasileiros tomaram Massarosa, Camaiore e Monte Prano. No início de 1945, ajudaram a conquistar pontos estratégicos como Monte Castelo, Castelnuovo e Montese. A guerra terminou em maio de 1945.

Os corpos dos 454 soldados mortos durante o conflito permaneceram no cemitério de Pistoia, na Itália, até 1960. Em outubro daquele ano, os restos mortais foram transferidos para o Monumento Nacional dos Mortos na Segunda Guerra Mundial, localizado no Rio de Janeiro.

Fim da Guerra

Após a assinatura de rendição alemã, a FEB começou a ser desmobilizada logo na Itália.

A ida do contingente brasileiro à Europa aumentou as contradições internas do governo de Getúlio Vargas. Afinal, os brasileiros foram até a Europa lutar contra uma ditadura fascista, mas em seu território viviam sob um regime anti-democrático.

Receoso que esses soldados, agora experientes, pudessem se voltar contra o governo, Vargas se apressa em desfazer o contingente militar.

As gerações posteriores iriam ridicularizar o esforço dos soldados brasileiros afirmando que foram lutar num lugar sem importância e já "esquecido" pelo Exército alemão.

Contudo, desde o final da década de 90, novos estudiosos vêm levantando novos documentos e dando aos soldados brasileiros um lugar digno na História.

Leia mais: Dia D

Curiosidades

  • Ao menos um brasileiro foi enviado para um campo de concentração nazista. O major-brigadeiro Othon Correia Netto teve seu caça derrubado no ataque à ponte Casarsa, na Itália, no dia 26 de março de 1945. Feito prisioneiro, ficou num campo de concentração na Alemanha até 29 de abril.
  • Os brasileiros chegaram a enfrentar temperaturas de 20 graus negativos nos Apeninos.
  • O capitão-aviador Alberto Martins Torres é considerado o maior piloto da história da aviação brasileira. Participou de 100 missões de guerra na Itália e de 76 missões de patrulhamento da costa brasileira.
  • Em reconhecimento ao trabalho realizado pelos brasileiros, várias cidades italianas batizaram ruas e praças com o nome de “Brasil”. Na cidade de Pistoia, ainda se conserva o monumento aos pracinhas caídos em combate.

Leia mais:

Juliana Bezerra
Juliana Bezerra
Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.