Liberalismo na Sociologia: liberdade, indivíduo e sociedade
Na Sociologia, o liberalismo ajuda a entender como a sociedade moderna se formou em torno da liberdade individual, da propriedade privada e do mercado.
Nas aulas de história, o termo liberalismo costuma aparecer associado às revoluções burguesas, ao Iluminismo e à Revolução Industrial. Do ponto de vista da Sociologia, o liberalismo é mais que um conjunto de ideias políticas e econômicas.
Neste artigo você vai aprender o que é o liberalismo, como ele se relaciona com a Sociologia e suas consequências sociais:
- O que é liberalismo
- Liberalismo e a Sociologia
- O liberalismo econômico
- O liberalismo político
- O liberalismo social
- Críticas sociológicas ao liberalismo
- Liberalismo no ENEM
- Conclusão
O que é liberalismo
O liberalismo é uma doutrina política, econômica e social que surgiu entre os séculos XVII e XVIII na Europa, com forte ligação ao Iluminismo. Seus princípios são:
- Liberdade individual: cada pessoa tem direitos naturais, como pensar, se expressar e empreender.
- Igualdade jurídica: todos são iguais perante a lei.
- Propriedade privada: direito de possuir bens e usá-los livremente.
- Livre iniciativa: possibilidade de empreender e participar do mercado sem interferência do Estado.
O liberalismo foi fundamental para a consolidação do capitalismo, já que serviu como base ideológica para a burguesia que crescia durante a Revolução Industrial.
Liberalismo e a Sociologia
A Sociologia surgiu no século XIX, em meio às mudanças sociais provocadas pela Revolução Industrial e pela urbanização. Nomes como Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber analisaram essas transformações. Nos três autores, considerados os “pais” da sociologia, o liberalismo sempre aparecia como pano de fundo:
- Para Marx, a ideologia liberal ajudava a legitimar o domínio da burguesia sobre os trabalhadores, defendendo uma aparência de “liberdade” que escondia desigualdades reais.
- Para Durkheim, a ênfase liberal no indivíduo precisava ser equilibrada pela solidariedade social, já que a sociedade não sobrevive apenas pela soma de vontades individuais.
- Para Weber, o liberalismo se relacionava à racionalização da vida moderna, em que o mercado e o Estado burocrático organizam a sociedade.
Assim, a Sociologia enxerga o liberalismo não apenas como uma teoria, mas como prática social que estrutura a vida moderna.
O liberalismo econômico
O principal teórico do liberalismo econômico foi Adam Smith (1723–1790), autor de A Riqueza das Nações. Ele defendia que a economia funciona melhor quando há liberdade de mercado, com pouca intervenção do Estado. Segundo Smith, a chamada “mão invisível” faria o mercado se autorregular: cada indivíduo, ao buscar seus próprios interesses, contribuiria indiretamente para o bem comum.
Na prática, esse pensamento justificou a ascensão do capitalismo industrial e a centralidade da burguesia, que defendia menos impostos, livre comércio e redução do poder da monarquia.
Um exemplo clássico de análise do liberalismo na sociologia é o de Max Weber, em sua obra A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905). Nela, o autor faz uma análise sobre a relação entre religião, liberalismo e capitalismo.
Para o sociólogo, o protestantismo – especialmente a vertente calvinista – incentivava valores como disciplina, racionalidade, poupança e dedicação ao trabalho. Esses princípios ajudaram a formar a mentalidade necessária para o desenvolvimento do capitalismo moderno, em sintonia com o liberalismo econômico que valorizava a livre iniciativa e o esforço individual.
Assim, Weber mostra que não foram apenas fatores econômicos que deram origem ao capitalismo, mas também elementos culturais e religiosos que moldaram a conduta dos indivíduos.
O liberalismo político
O liberalismo não se restringe à economia. Do ponto de vista político, ele:
- rejeita o absolutismo monárquico
- defende a divisão dos poderes do Estado, entre Executivo, Legislativo e Judiciário (inspirado em Montesquieu)
- valoriza a democracia representativa, baseada em eleições livres.
Na Sociologia, o liberalismo político ajudou a consolidar a noção moderna de cidadania, em que indivíduos participam da vida pública e têm direitos garantidos. Porém, muitas vezes, essa cidadania foi restrita a grupos específicos (homens brancos proprietários de terras, por exemplo).
O liberalismo social
Com o tempo, o liberalismo também passou a ser discutido em termos sociais: como garantir liberdade em sociedades marcadas por desigualdades?
No século XX, surgiram propostas de um Estado liberal mais ativo, conhecido também como Estado de bem-estar social, que buscava equilibrar a liberdade de mercado com políticas de proteção social, como saúde, educação e previdência.
Críticas sociológicas ao liberalismo
A Sociologia não trata o liberalismo apenas como um ideal positivo. Diversos autores apontam seus limites:
- Desigualdade social: embora pregue igualdade formal, o liberalismo não garante igualdade material. Muitos sociólogos destacam que as oportunidades não são realmente as mesmas para todos.
- Individualismo excessivo: a ênfase na liberdade individual pode enfraquecer laços comunitários e gerar isolamento social.
- Exploração do trabalho: Marx mostrou como o discurso liberal pode mascarar relações de exploração no capitalismo.
- Dominação cultural: sociólogos críticos destacam que o liberalismo, ao se expandir, também justificou o colonialismo e a imposição de valores ocidentais a outros povos.
Liberalismo no ENEM
Fique atento! O ENEM costuma cobrar o liberalismo em diferentes frentes:
- História: como base das revoluções burguesas, da Revolução Francesa e da Independência dos EUA.
- Sociologia: analisando os impactos sociais do liberalismo no capitalismo, no trabalho assalariado e nas desigualdades sociais.
- Atualidades: debates sobre Estado mínimo, políticas neoliberais e bem-estar social.
Conclusão
O liberalismo é mais do que uma teoria política ou econômica: é um modo de organizar a sociedade em torno da ideia de liberdade individual.
Do ponto de vista da Sociologia, ele foi fundamental para a formação da sociedade moderna, mas também carrega contradições importantes, como a desigualdade social e o excesso de individualismo.
Por isso, compreender o liberalismo é essencial não apenas para estudar História, mas também para interpretar os problemas sociais atuais e responder de forma crítica às questões do ENEM.
Para praticar: Exercícios sobre o liberalismo (com gabarito explicado)
Referências Bibliográficas
DURKHEIM, Émile. As regras do método sociológico. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. Trad. Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Coleção Os Pensadores).
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. Trad. Reginaldo Sant’Anna. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Economistas).
SMITH, Adam. A riqueza das nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Coleção Os Economistas).
WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. Trad. M. Irene de Q. F. Szmrecsányi. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
Liberalismo na Sociologia: liberdade, indivíduo e sociedade. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/liberalismo-na-sociologia-liberdade-individuo-e-sociedade/. Acesso em: