Ilha de Marajó: aspectos gerais, culturais e econômicos
A Ilha de Marajó localiza-se no estado do Pará, Norte do Brasil, na foz do Rio Amazonas. Possui aproximadamente 49 mil km² de extensão e é composta por dezesseis municípios. É a maior ilha fluviomarinha do mundo, ou seja, banhada tanto por águas doces (rio Amazonas), quanto por águas salgadas (oceano Atlântico).
É importante diferenciar que a Ilha de Marajó é a principal do Arquipélago de Marajó, e onde vive a maior parte da população. O Arquipélago de Marajó é composto por mais de 2.500 ilhas e ilhotas.
A ilha é um dos locais onde ocorre o fenômeno da pororoca (encontro das águas dos rios com as águas do mar). Além das paisagens, a Ilha da Marajó apresenta grande biodiversidade, importância histórica e cultura única.
Aspectos geográficos
O clima da região é o Equatorial Úmido, com uma estação chuvosa (de dezembro a maio) e uma seca (de junho a novembro). Porém, mesmo a estação seca apresenta certa umidade. A quantidade de chuvas ao longo do ano favorece a biodiversidade local e abastece os rios próximos. As temperaturas são elevadas, com média anual entre 26ºC e 28ºC.
Por ser uma ilha fluviomarinha, as águas doces e salgadas se misturam, influenciando a salinidade e os ecossistemas aquáticos. A ilha possui muitos igarapés (pequenos canais afluentes de rios), essenciais para a manutenção da biodiversidade local.
O relevo é predominantemente plano e baixo. Isso favorece a formação de áreas alagadiças durante o período de cheias, contribuindo para as formações vegetais encontradas na região.
A vegetação presente na ilha é rica e diversificada. É composta principalmente por:
- Florestas de várzea: florestas que ficam periodicamente alagadas pelos rios. Por exemplo, o açaizeiro, buritizeiro e a castanheira.
- Manguezais: ecossistema de transição entre os rios e o mar. Grande biodiversidade. Por exemplo, o mangue-vermelho e mangue-branco.
- Vegetação de restinga: próxima à costa, possui pequenos cactos e arbustos.
- Campos naturais: também chamados de campos marajoaras, são áreas abertas que alagam durante o período de chuvas. Por exemplo o capim navalha e capim agulha.
- Vegetação de igapó: espécies adaptadas à áreas permanentemente alagadas. Por exemplo, a vitória-régia.
Aspectos sociais
A Ilha de Marajó possui aproximadamente 590 mil habitantes e as cidades mais populosas são Soure, Salvaterra, Breves e Portel. Breves é considerada a "capital" da ilha e abriga grande riqueza histórica, natural e cultural.
A população marajoara é composta principalmente por descendentes de indígenas, africanos e europeus. A maior parte das comunidades vive de maneira simples, através de práticas tradicionais.
A cultura marajoara é muito rica e preservada. Por exemplo, a produção de cerâmica marajoara atual, tem sua origem na cultura dos povos indígenas que habitaram a região no período pré-colombiano. Além disso, as danças, a culinária e as festas são importantíssimas tanto para preservar a cultura, como para a economia. A Festa do Círio de Nossa Senhora de Nazaré de Marajó atrai turistas das cidades vizinhas e do restante do Brasil.
Apesar de grande riqueza cultural e natural, a ilha apresenta índices muito baixos de desenvolvimento social. Os principais fatores que geram essa situação são: o alto índice de pobreza e desigualdade social, o baixo acesso aos serviços básicos (saúde, educação e saneamento) e a deficiência de infraestrutura.
Economia
A região da Ilha de Marajó é responsável por aproximadamente 3% do PIB do Pará. A maior parte desse percentual é ligada aos serviços públicos, seguida pela agropecuário e pelo setor de serviços.
Ainda assim, a economia da ilha é baseada em grande parte em atividades tradicionais e de subsistência. A criação de búfalos é a atividade mais importante da região. Os búfalos adaptam-se bem à áreas alagadiças e ao clima úmido. São utilizados para produção de carne, leite, transporte e tração de cargas.
A pesca artesanal, a agricultura de subsistência, o artesanato e a cerâmica marajoara também são importantes atividades que compõem a economia local.
O turismo ecológico e cultural vem crescendo lentamente, mas possui grande potencial econômico. O maior problema é relacionado à falta de infraestrutura e de investimentos, e a dificuldade com transportes e hospedagem.
Os maiores desafios que a Ilha de Marajó enfrenta em relação ao seu desenvolvimento econômico são: o isolamento geográfico, a falta de industrialização, a infraestrutura limitada e a vulnerabilidade social da população.
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Referências Bibliográficas
ALEPA – Assembleia Legislativa do Pará. Situada no Arquipélago do Marajó, Breves comemora seus 173 anos de história. Belém, 30 nov. 2023. Atualizada em 30 nov. 2023. Disponível em: https://www.alepa.pa.gov.br/Comunicacao/Noticia/7643/situada-no-arquipelago-do-marajo-breves-comemora-seus-173-anos-de-historia. Acesso em: 03 jul. 2025.
ANDRADE, Simei Santos. Políticas públicas na Amazônia marajoara: os índices de desenvolvimento socioeconômico na região. Nova Revista Amazônica, Bragança, v. 7, n. 1, p. 159–179, abr. 2019. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/12542. Acesso em: 03 jul. 2025.
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Ilha de Marajó: aspectos gerais, culturais e econômicos. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/ilha-de-marajo/. Acesso em: