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Como escrever uma redação sobre Inteligência artificial no ENEM (guia prático)

Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Português e Literatura

A Inteligência Artificial é um tema atual, em alta na sociedade, e tem grandes chances de aparecer em uma prova como a do ENEM, que valoriza discussões sobre ciência, tecnologia e cidadania.

Para escrever uma redação nota 1000 sobre esse assunto, é importante compreender tanto os avanços trazidos pela IA quanto os riscos e desafios que ela gera.

Neste conteúdo você encontra:

Como se preparar para o tema

O ENEM costuma abordar seus temas a partir de situações-problema. Além disso, o problema é sempre vinculado à realidade do Brasil. Desse modo, uma redação sobre Inteligência Artificial no ENEM muito provavelmente apareceria atrelada a termos como “os desafios”, “as dificuldades”, “a democratização”, entre outros.

Siga, então, esses passos para planejar o escopo da sua redação nota 1.000.

Identifique o problema central

Se o tema for “Os desafios do uso da Inteligência Artificial no Brasil”, por exemplo, é preciso pensar em quais dificuldades sociais, éticas ou políticas envolvem a questão.

Atente-se para o recorte. Uma dica interessante é tentar relacionar os termos do título “desafios” e “uso” com o que foi apresentado nos textos da coletânea. Por exemplo, ao falar de uso, não devemos identificar os desafios para construção de uma IA no Brasil, mas sim tratar de algo que já ocorre na sociedade.

Defina uma tese clara

Sua opinião deve ser nítida e original. Lembre-se que você deve dialogar com a coletânea. Ela te apresentará um problema e espera que você traga uma visão que converse com o que foi apresentado. No entanto, não seja reincidente ou repetitivo com o que já foi estabelecido.

Além disso, tome cuidado para não tentar abarcar assuntos demais. Ao abordar o uso da IA como uma perspectiva ética, mantenha-se coerente a essa linha de pensamento. Uma abordagem possível é pensar: a Inteligência Artificial pode ser um avanço, mas seu uso desregulado causa problemas éticos, econômicos ou sociais.

Escolha bons argumentos

Os parágrafos de desenvolvimento são onde seus argumentos devem aparecer. Eles devem complementar e provar o que você assumiu enquanto tese de sua redação. Além disso, é importante que seus, pelo menos, dois argumentos estabeleçam relação entre si. Você pode trabalhar com causa e consequência, por exemplo. Ou, também, trazer dois pontos que se complementam em relação à problemática.

  • Um argumento pode tratar da questão ética, como a substituição da força de trabalho humano ou a manipulação de dados pessoais.
  • Outro argumento pode tratar da desigualdade de acesso, já que apenas parte da população ou de empresas tem condições de usar essa tecnologia.

Use repertórios estratégicos

A redação é um instrumento que verifica como o candidato utiliza a linguagem para se comunicar. Assim, propõe uma conversa sobre um assunto que direta ou indiretamente está amarrado à realidade em que ele vive: o seu país. Por isso, é válido dizer que todo candidato possui repertório.

Porém, entre repertórios específicos e repertórios gerais, é preciso tomar cuidado para alinhar os seus conhecimentos à conversa proposta. Imagine que você está em uma conversa sobre gols no futebol, por mais que você possa comparar com a natação, por ambos serem esportes, nesse caso, você foge um pouco da conversa. Afinal, a natação não é um esporte em que se pontua como no futebol.

Em outras palavras, é preciso tomar cuidado com o tom da conversa, pensar bem se a sua comparação fará sentido e poderá ser articulada nas suas trinta linhas. Vale dizer, ainda, que repertórios muito específicos podem te prejudicar, já que se você apresenta algo que a maioria das pessoas não vai entender (inclusive seu corretor), você terá pecado nas suas escolhas comunicativas.

No caso da temática sobre Inteligência Artificial, alguns repertórios possíveis e gerais são:

  • A Constituição Federal de 1988, que garante a dignidade da pessoa humana e pode ser usada para falar sobre riscos à privacidade e ao trabalho.
  • O filme “Ex Machina” ou a série Black Mirror, que refletem sobre limites éticos da IA.
  • Pensadores como Norbert Wiener (criador da Cibernética), que alertava para a necessidade de controle humano sobre máquinas inteligentes.
  • Documentos oficiais, como o Plano Nacional de Inteligência Artificial (2021), que mostra que o Brasil já discute formas de regulamentar a tecnologia.

Finalize com uma proposta de intervenção

Uma vez que a redação ENEM aborda uma problemática, ela também exige que o candidato apresente uma proposta de intervenção. É claro que não se trata de tentar resolver o problema como um todo, mas de um direcionamento que, somado a sua tese, possa encaminhar a resolução do problema.

Dessa forma, é crucial pensar nas linhas de tese e argumentação que você desenvolveu, pois assim poderá mobilizar os agentes necessários para tratar do problema. No caso de um problema de ordem governamental, por exemplo, é importante trazer adequadamente os órgãos responsáveis. Já em uma argumentação que passe pelas escolhas individuais do sujeito, você pode trazer também uma solução atrelada às ações de cada um.

O mais importante é pensar que a sua redação deve se completar, isto é, todo problema abordado deve ser resolvido. No caso de uma redação sobre Inteligência Artificial, por exemplo, uma solução possível passa pelo Estado.

Assim, são caminhos possíveis citar que o Estado pode criar políticas públicas de regulação e educação digital; escolas e universidades podem oferecer formação crítica sobre tecnologia; empresas podem adotar práticas éticas no uso da IA.

Vamos ver um exemplo desse tipo de redação? Tente identificar os pontos abordados dentro do texto de exemplo.

Modelo de Redação Nota 1000

Tema: Os desafios do uso da Inteligência Artificial no Brasil

No livro “1984”, George Orwell retrata uma sociedade controlada por tecnologias que vigiam e limitam a liberdade individual. Embora seja uma obra de ficção, a reflexão torna-se atual diante da ascensão da Inteligência Artificial (IA), cujo uso cresce em diversas áreas, da medicina à educação. No entanto, no Brasil, a falta de regulação e de democratização desse recurso apresenta desafios que comprometem tanto os direitos fundamentais dos cidadãos quanto o próprio desenvolvimento social.

Um dos principais entraves é a questão ética relacionada à privacidade e à substituição de postos de trabalho. A coleta massiva de dados para alimentar algoritmos, muitas vezes sem consentimento claro, coloca em risco o direito à intimidade previsto na Constituição Federal de 1988. Além disso, a automação de processos em setores como indústria e comércio tende a reduzir oportunidades de emprego para trabalhadores menos qualificados, ampliando desigualdades sociais já existentes. Nesse sentido, a ausência de diretrizes éticas robustas acentua vulnerabilidades em um cenário de rápidas transformações tecnológicas.

Outro desafio está na desigualdade de acesso à Inteligência Artificial. Apesar de seu potencial para melhorar serviços públicos, como diagnósticos médicos e gestão de mobilidade urbana, a IA ainda é restrita a centros urbanos e instituições com maior investimento em tecnologia. Essa exclusão digital reforça a distância entre grupos privilegiados e comunidades periféricas, que permanecem sem acesso a benefícios fundamentais da inovação. Conforme apontado no Plano Nacional de Inteligência Artificial, é imprescindível integrar a tecnologia às políticas públicas para que seu impacto seja efetivamente inclusivo.

Diante desse contexto, cabe ao Estado, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, regulamentar o uso da Inteligência Artificial, criando leis que assegurem a proteção de dados e a preservação de empregos. As instituições educacionais, em parceria com empresas privadas, devem oferecer programas de capacitação em competências digitais, preparando a população para o mercado de trabalho em transformação. Por fim, os meios de comunicação precisam promover campanhas de conscientização que informem sobre o uso ético da IA. Assim, será possível transformar essa tecnologia em um instrumento de progresso coletivo, evitando que ela reproduza exclusões e ameaças já presentes na sociedade.

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Rodrigo Luis
Rodrigo Luis
Professor de Língua Portuguesa e Literatura formado pela Universidade de São Paulo (USP) e graduando na área de Pedagogia (FE-USP). Atua, desde 2017, dentro da sala de aula e na produção de materiais didáticos.