Fotoperiodismo
O fotoperiodismo é a resposta biológica dos seres vivos à variação da duração do dia e da noite ao longo dos meses, de acordo com as estações do ano.
Animais e plantas reconhecem o período de luz disponível ao longo do dia e adaptam seus ciclos de vida de acordo com essa informação. Esse mecanismo é fundamental para que consigam responder às mudanças das estações, influenciando processos como a reprodução, a migração, o crescimento e a floração.
Para compreender melhor esse fenômeno, alguns conceitos prévios são importantes:
- Ritmos biológicos em animais: os seres vivos possuem um “relógio interno” (ritmo circadiano), que organiza atividades como sono e alimentação, regulado por estímulos externos, principalmente da luz.
- Hormônios: substâncias químicas que controlam processos fisiológicos e comportamentais. No fotoperiodismo animal, a melatonina é o principal hormônio.
- Fotorreceptores em plantas: proteínas chamadas fitocromos, que percebem a presença ou ausência de luz e desencadeiam respostas de crescimento e floração.
- Estações do ano: o comprimento dos dias e noites varia ao longo do ano e funciona como sinal para que animais e plantas sincronizem seus ciclos.
Fotoperiodismo em animais
Nos animais, o fotoperíodo é percebido principalmente por meio da luz captada pelos olhos. Essa captação influencia a atividade da glândula pineal. Essa glândula, por sua vez, regula a produção de melatonina, cuja concentração varia conforme a duração do dia e da noite.
Fotoperíodo e a produção de melatonina
- Percepção da luz: a retina detecta a quantidade de horas de claridade.
- Glândula pineal: responde a essa informação e regula a liberação de melatonina.
Melatonina: tem a sua produção aumentada durante a noite (baixa luminosidade) e diminuída durante o dia (alta luminosidade).
Logo, quando os dias começam a se tornar mais curtos (outono e inverno), a taxa diária de melatonina aumenta no organismo, alterando a fisiologia e o comportamento dos animais. O oposto ocorre nos períodos de dias mais longos (primavera e verão).
Alterações comportamentais ligadas ao fotoperiodismo
- Reprodução: durante os dias mais longos, as fêmeas de muitas aves e mamíferos entram em período fértil para se reproduzirem nas épocas de maior disponibilidade de alimento.
- Migração: No outono, quando os dias começam a ficar mais curtos, aves e peixes utilizam são estimulados a migrarem pela queda de melatonina.
- Hibernação: em regiões frias, o encurtamento dos dias no outono e inverno desencadeia aumento da melatonina, reduzindo a atividade metabólica e preparando os animais para a hibernação.
Alterações fisiológicas ligadas ao fotoperiodismo
- Troca de pelagem: mamíferos de clima frio, como lebres e raposas, mudam a cor e densidade do pelo de acordo com a concentração da melatonina.
- Acúmulo de reservas: em alguns animais, a baixa concentração da melatonina estimula o acúmulo de gordura, preparando o corpo para o inverno.
Fotoperiodismo em plantas
Nas plantas, o fotoperíodo é percebido por fitocromo, pigmentos que funcionam como sensores de luz. Eles registram a quantidade de horas de luz e de escuridão, permitindo que a planta regule o seu desenvolvimento de acordo com as estações do ano. O principal processo regulado pelo fotoperíodo é a floração.
Fotoperíodo e as modificações dos fitocromos
- Fitocromo: absorvem luz vermelha (luz intensa) e vermelha-distante (luz fraca), mudando de forma e ativando respostas internas.
Nas plantas são encontrados dois tipos de fitocromos: o Fitocromo R e o Fitocromo F. As duas formas podem se converter uma na outra de acordo com a luminosidade.
Quando a luz está mais intensa (luz vermelha), a forma R se converte na forma F do fitocromos.
Nos horários de luz mais fraca, como no amanhecer ou no pôr do sol, (luz vermelha-distante) e no escuro, a forma F retorna para a forma R.
- Percepção do escuro: em períodos de menor tempo de luz observa-se maior concentração do Fitocromo R nas plantas. Durante os dias mais longos, a concentração de Fitocromo F é maior.
- Regulação gênica: a formação do fitocromo F leva à ativação ou inibição de genes relacionados à floração.
Tipos de plantas quanto ao fotoperíodo
- Plantas de dia curto: o fitocromo F são inibidores da floração, então elas florescem quando a noite é longa (ex.: crisântemo, morangueiro).
- Plantas de dia longo: o fitocromo R é estimulador da floração, então elas florescem quando os dias são mais longos (ex.: trigo, espinafre).
- Plantas indiferentes: não dependem do fotoperíodo para florescer (ex.: tomate, milho).
Consequências do fotoperiodismo nas plantas
- Sincronização da reprodução: garante que a floração ocorra em condições climáticas favoráveis.
- Adaptação ao ambiente: possibilita maior chance de sobrevivência e sucesso reprodutivo.
- Controle agrícola: permite que agricultores manipulem o fotoperíodo artificialmente em estufas para induzir floração fora da estação natural.
Leia também: Fisiologia vegetal
Referências Bibliográficas
AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna: volume único. São Paulo: Moderna, 2006. 839 p.
HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de fisiologia médica. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
KERBAUY, G. B. Fisiologia vegetal. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2019. 420 p.
Fotoperiodismo. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/fotoperiodismo/. Acesso em: