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Filosofia Antiga

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Professora de Filosofia e Sociologia

A Filosofia Antiga corresponde ao período do surgimento da filosofia grega no século VII a.C.

Ela surge da necessidade de explicar o mundo de um novo modo. Os filósofos buscam encontrar respostas racionais para a origem das coisas, dos fenômenos da natureza, da existência e da racionalidade humana.

O termo filosofia é de origem grega e significa “amor ao saber”, ou seja, a busca pela sabedoria.

De tal modo que, durante a transição do pensamento mítico para o racional, os filósofos acreditavam conseguir transmitir a mensagem dos deuses. Os deuses e as entidades mitológicas serviam de inspiração para a filosofia nascente.

Por esse motivo, no início, a filosofia estava intimamente relacionada com a religião: mitos, crenças, etc.
Com o passar do tempo, o pensamento mítico foi dando lugar ao pensamento racional na tentativa de responder questões acerca da realidade.

Neste conteúdo você vai encontrar:

Contexto histórico do surgimento da filosofia

A filosofia grega antiga se desenvolve com as transformações políticas e sociais, a partir do surgimento da polis grega (cidade-estado).

Essa nova organização grega, foi fundamental para a desmistificação do mundo.
O contato com outros povos com as navegações, a elevação da abstração com o surgimento do alfabeto e capacidade de prever eventos com o uso da observação astronômica (surgimento do calendário), entre outros fatores, criaram a necessidade de novas explicações sobre a realidade.

A razão, então, passa a ter grande importância no processo reflexivo.

Mais tarde, as discussões que ocorriam em praça pública juntamente com o poder da palavra e da razão (logos) levaram a criação da democracia.

Períodos da filosofia

Lembre-se que a filosofia está dividida didaticamente em 4 períodos:

  • Filosofia Antiga
  • Filosofia Medieval
  • Filosofia Moderna
  • Filosofia Contemporânea

Filosofia grega

A filosofia grega está dividida em três períodos:

  • Período Pré-socrático (séculos VII a V a.C.): corresponde ao período dos primeiros filósofos gregos que viveram antes de Sócrates. Os temas estão centrados na natureza, do qual se destaca o filósofo grego Tales de Mileto.
  • Período Socrático (séculos V a IV a.C.): também chamado de período clássico, nesse momento surge a democracia na Grécia Antiga. Seu maior representante foi o filósofo grego Sócrates que começa a pensar sobre o ser humano. Além dele, merecem destaque: Aristóteles e Platão.
  • Período Helenístico (séculos IV a.C. a VI d.C.): Além de temas relacionados com a natureza e o homem, nessa fase os estudos estão voltados para a realização humana por meio das virtudes e da busca da felicidade.
mapa grécia antiga filosofia
Principais períodos, pensadores e sua localização na Grécia Antiga

Principais escolas ou correntes filosóficas da Filosofia Antiga

Agora que você já sabe os períodos em que está dividida, veja quais as principais escolas ou correntes de pensamento da filosofia antiga:

Escola Jônica: caracterizava-se pelas teorias naturalistas quanto ao princípio das coisas. Reunia os primeiros filósofos na cidade grega de Mileto, localizada na região da Jônia, no litoral ocidental da Ásia Menor (atual Turquia). Além de Mileto, faziam parte da Jônia a cidade de Éfeso, que tinha Heráclito como seu principal representante. Na cidade grega de Mileto, destacavam-se os pensadores Tales de Mileto, Anaximandro e Anaxímenes.

Escolas Itálicas: nome que se dá para algumas escolas que se desenvolveram na Magna Grécia, atual região do sul da Itália (nas cidades de Eleia e Crotona) e da Sicília. Caracterizavam-se por trazer um pensamento mais abstrato em suas explicações acerca do ser. Destacavam-se nelas os filósofos: Pitágoras (cujo pensamento é fonte da escola pitagórica), Parmênides (escola eleática), Zenão de Eleia, Empédocles (pluralista).

Escola Pitagórica: formada pelos seguidores de Pitágoras, a escola era uma espécie de fraternidade, cuja doutrina era considerada secreta. O que se sabe sobre eles derivou dos escritos de Filolau, um de seus adeptos. Os pitagóricos tinham como característica a crença de que os princípios da matemática regiam a realidade, sendo os elementos numéricos os que compunham todas as coisas.

Escola Eleática: caracterizava-se pela defesa da teoria monista sobre a realidade, que diz que o princípio de toda existência é único e imutável. Parmênides (considerado fundador da escola) é quem distinguiu a realidade da aparência a partir da compreensão do que é o ser e o não ser. Zenão de Eleia e Xenófanes são outros nomes ligados a essa escola.

Pluralista: nome que se atribui a uma série de pensadores que acreditavam que a realidade se originava não de um, mas de múltiplos elementos. Empédocles, por exemplo, defendia que tudo era composto pelos quatro elementos. Outros nomes que podem estar associados a essa corrente de pensamento são: Anaxágoras e Demócrito (da escola atomista).

Escola Atomista: caracterizava-se pela defesa de que todas as coisas se constituíam por partículas indivisíveis (átomos). Os objetos da realidade se formavam a partir da atração ou repulsão desses átomos, cujo movimento era possível devido ao vazio. Entre os representantes dessa escola estavam Leucipo (fundador da escola) e Demócrito.

Sofistas ou Escola Sofística: nome que se atribui a um grupo de sábios viajantes que lecionavam sobre cultura em geral e a arte da retórica, em troca de pagamentos. Não se caracterizavam por terem uma linha de pensamento comum, ainda que, devido ao ensino da retórica, fossem associados ao relativismo. Entre seus representantes mais famosos estão Protágoras e Górgias.

Platonismo ou Academia: escola fundada por Platão. Não se preocupava apenas com a transmissão dos saberes, mas também com a formação política de seus estudantes - segundo Reale (1990, p. 169), para “renovar o Estado”. Passou por várias fases e linhas de pensamento, em virtude de quem assumia a direção da Academia. Xenócrates e Pólemon são figuras que se destacaram no comando da escola.

Escola Peripatética ou Liceu: fundada por Aristóteles, a escola recebe o nome de peripatética em virtude de Aristóteles lecionar para seus discípulos enquanto caminhava pelo Liceu. Tinham como objetivo dar continuidade ao pensamento aristotélico. Com o passar do tempo, a escola entrou em declínio e os ensinamentos de Aristóteles acabaram se descaracterizando. Teofrasto foi um dos principais representantes dessa escola.

Epicurismo: foi umacorrente fundada com base no pensamento de Epicuro (341-271 a.C.). O epicurismo defendia uma filosofia voltada para a vida prática, tendo como caminho a realização dos desejos naturais e necessários para obtenção da tranquilidade da alma (ataraxia). Valorizavam uma vida moderada sem a supressão dos prazeres.

Estoicismo: escola fundada a partir das ideias de Zenão de Cício (336-263 a.C.), tinha como marca o determinismo ético. Para os estoicos, há uma racionalidade na realidade que predetermina os acontecimentos na vida de todos. A ataraxia, para eles, obtém-se a partir da aceitação de que o homem só tem controle sobre si e não sobre a realidade.

Ceticismo: doutrina que teve diversas vertentes. Entre as que se destacam, há o ceticismo acadêmico e o ceticismo pirrônico. Enquanto os primeiros afirmavam a impossibilidade de se conhecer a verdade, os segundos defendiam a suspensão do juízo (époche) em vista de que fosse alcançada a ataraxia. Entre os pensadores da corrente cética antiga, destacavam-se: Pirro de Élis e Clitômaco.

Cinismo: doutrina fundada por Antístenes, mas que ficou conhecida a partir do modo de vida de Diógenes de Sínope (413-327 a.C.). Os cínicos prezavam pela vida livre, baseada somente naquilo que era essencial. Por isso, defendiam o domínio dos prazeres e os desprezo pelos bens materiais.

Neoplatonismo: corrente surgida por volta do século III d.C., que promoveu uma retomada do pensamento platônico, a partir de uma nova perspectiva interpretativa. Entre os objetos de sua discussão, estava a investigação acerca do uno, como princípio da existência. Plotino e Porfírio foram dois nomes importantes dessa corrente.

Principais filósofos da Antiguidade

Veja abaixo os principais filósofos e os principais problemas filosóficos refletidos por eles:

1. Tales de Mileto

Tales de MIleto
Escultura de Tales de Mileto, primeiro filósofo

Tales de Mileto (623-546 a.C.) foi um filósofo pré-socrático, considerado o “Pai da Filosofia”. Ele propõe que a água é a substância primordial da vida, denominada de arché. Para ele “Tudo é água”.

2. Anaximandro

mapa mundo anaximandro
Representação do mapa do mundo proposto por Anaximandro

Anaximandro (610-547 a.C.) foi discípulo de Tales de Mileto. O filósofo procurou buscar o elemento fundamental de todas as coisas, denominando de ápeiron (o infinito e o indeterminado), que representaria a massa geradora da vida e do universo.

3. Anaxímenes

Anaxímenes de Mileto
Desenho representativo de Anaxímenes de Mileto

Anaxímenes (588-524 a.C.) foi discípulo de Anaximandro. Para o filósofo, a substância primordial que origina todas as coisas é o elemento ar.

4. Pitágoras

Pitágoras
Pitágoras, pintura de Jusepe Ribera (1630)

Segundo Pitágoras de Samos (570-490 a.C.), a origem de todas as coisas estava intimamente relacionada com os números. Suas ideias foram essenciais para a filosofia e a matemática (Teorema de Pitágoras).

5. Heráclito

Heráclito de Éfeso
Heráclito, pintura de Johannes Moreelse (1630)

Heráclito de Éfeso (535-475 a.C.) foi um filósofo pré-socrático que contribuiu com as reflexões da existência. Segundo ele, tudo está em processo de mudança e o fluxo constante da vida é impulsionado pelas forças opostas. Elegeu o fogo como elemento essencial da natureza.

6. Parmênides

Parmênides
Busto de Parmênides de Eleia

Parmênides (510-470 a.C.), considerado um dos principais filósofos pré-socráticos, contribuiu para os estudos do ser (ontologia), da razão e da lógica. Em suas palavras: “O ser é e o não ser não é”.

7. Zenão de Eleia

Zenão de Eleia
Zenão de Eleia mostrando as portas da verdade e da falsidade para seus discípulos

Zenão de Eleia (488-430 a.C.) foi discípulo de Parmênides. De suas reflexões filosóficas, destaca-se o “Paradoxo de Zenão”, no qual pretendia demonstrar que a noção de movimento era contraditória e inviável.

8. Empédocles

Representação medieval de  Empédocles
Representação medieval de Empédocles

Por meio do pensamento racional, Empédocles (490-430 a.C.) defendeu a existência dos quatro elementos naturais (ar, água, fogo e terra), os quais agiriam de maneira cíclica a partir de dois princípios: o amor e o ódio.

9. Demócrito

Demócrito de Abdera
Detalhe da pintura Demócrito, de Hendrick ter Brugghen (1628)

Demócrito de Abdera (460-370 a.C.) foi criador do conceito de Atomismo. Segundo ele, a realidade era formada por partículas invisíveis e indivisíveis denominadas de átomos (matéria). Nas palavras do filósofo “Tudo o que existe no universo nasce do acaso ou da necessidade”.

10. Protágoras

Protágoras
Busto do filósofo Protágoras

Protágoras (480-410 a.C.) foi um filósofo sofista e famoso por sua célebre frase “O homem é a medida de todas as coisas”. Contribuiu para as ideias associadas ao subjetivismo dos seres.

11. Górgias

Górgias
Escultura do filósofo Górgias

Górgias (487-380 a.C.) foi um dos maiores oradores da Grécia antiga. Esse filósofo seguiu os estudos sobre o subjetivismo de Protágoras, o que o levou a um ceticismo absoluto.

12. Sócrates

Sócrates
Busto romano de Sócrates

Sócrates (469-399) foi um dos maiores filósofos da Grécia antiga que contribuiu para os estudos do ser e de sua essência.

A filosofia socrática esteve pautada no autoconhecimento (“conhece-te a ti mesmo”), desenvolvida mediante diálogos críticos (ironia e maiêutica).

13. Platão

Platão
Busto de Platão

Platão (427-347 a.C.) foi discípulo de Sócrates e escreveu sobre as ideias de seu mestre. De suas reflexões filosóficas destaca-se a “Teoria das Ideias”, a base do platonismo, que seria a passagem do mundo sensível (aparência) para o mundo das ideias (essência). O “mito da caverna” demostra essa dicotomia entre a ilusão e a realidade.

14. Aristóteles

Aristóteles
Busto de Aristóteles

Aristóteles (384-322 a.C.), ao lado de Sócrates e Platão, foi um dos mais importantes filósofos da Antiguidade.

Suas ideias são consideradas a base do pensamento lógico e científico. Escreveu diversas obras sobre a essência dos seres (Metafísica), a lógica, a política, a ética, as artes, a potência, etc.

15. Epicuro

Epicuro
Estátua de Epicuro

Epicuro (324-271 a.C.) foi o fundador do epicurismo e para o filósofo a vida deveria estar baseada no prazer.

No entanto, diferente da corrente hedonista, o prazer epicurista seria racional e equilibrado. Se não fosse dessa maneira, o prazer poderia resultar na dor e no sofrimento.

16. Zenão de Cítio

Busto de Zenão de Cítio
Busto de Zenão de Cítio

Zenão de Cítio (336-263 a.C.) foi o fundador do estoicismo. Defendia a ideia de uma realidade racional, que ocorre por meio do dever da compreensão.

Dessa forma, por meio da compreensão, a realidade de que faz parte o homem e a natureza leva ao caminho da felicidade.

17. Pirro

Pirro de Élis
Representação de Pirro de Élis, do livro A História da Filosofia, de Thomas Stanley (1655)

Pirro (365-275 a.C.) foi fundador do Pirronismo. Ele defendia a ideia da incerteza em relação ao que nos envolve, por meio de uma postura ceticista.

Para Pirro era importante a suspensão do juízo diante de um impasse, a fim de tranquilizar a alma.

18. Diógenes

Diógenes e os cães
Diógenes em sua casa, cercado pelos cães. Diógenes, pintura de Jean-Léon Gérôme (1860)

Diógenes (413-327 a.C.) foi um filósofo da corrente filosófica do cinismo. Ele buscou defender uma postura anti-materialista se afastando de todos os bens materiais e focando no conhecimento de si.

Para praticar: Exercícios sobre Filosofia Antiga (com questões explicadas)

Leia também sobre os principais filósofos pré-socráticos e suas ideias e sobre cada um dos períodos da filosofia:

Filosofia Medieval

Filosofia Moderna

Filosofia Contemporânea

Referências Bibliográficas

ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. São Paulo : Martins Fontes, 2007.

COTRIM, G.; FERNANDES, M. Fundamentos da Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2016.

MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

REALE, G; ANTISERI, D. História da Filosofia: antiguidade e Idade Média, v. 1. Coleção Filosofia. São Paulo: Paulus, 1990.

Anita Sayuri Aguena
Anita Sayuri Aguena
Bacharela e Licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (2014), com Mestrado em História da Filosofia pela mesma universidade (2017). Atua como professora na rede privada e estadual de ensino, ministrando aulas ligadas às áreas de Filosofia e de Sociologia.