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Exercícios sobre República Populista (1945-1964)

Lucas Pereira
Lucas Pereira
Professor de História

A República Populista (1945-1964) foi um período de intensa participação política das massas e de grandes disputas em torno do desenvolvimento do Brasil. Marcada por líderes como Vargas, Juscelino e Jango, essa fase trouxe avanços e contradições que ajudaram a moldar a história nacional até o golpe militar de 1964.

Questão 1

"Mais de cinquenta anos passados, Brasília confirmou sua vocação modernista, integrou o país pela interiorização, tal como anunciava o slogan de JK, e manteve as marcas de sua ambivalência: conservou impecáveis seus palácios, como queriam Kubitschek e Niemeyer, “suspensos, leves e brancos, nas noites sem fim do Planalto”; também sustentou as condições para tornar o poder na República mais asséptico, mais isolado, mais vaidoso, mais arrogante."

(SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 428.)

O texto das historiadoras apresenta uma análise sobre Brasília que evidencia uma contradição fundamental do projeto de JK. Essa contradição se manifesta no fato de que a nova capital:

a) preservou as tradições da arquitetura brasileira, mas questionou as estruturas de longa data do coronelismo.

b) promoveu a integração nacional através da interiorização, mas simultaneamente isolou o poder político das pressões populares.

c) representou o triunfo do planejamento urbano, mas fracassou em atrair investimentos para o Centro-Oeste.

d) simbolizou o progresso tecnológico brasileiro, mas através do financiamento estrangeiro.

e) consolidou o modernismo na arquitetura, mas rejeitou as influências artísticas europeias.

Gabarito explicado

a) Incorreta. Não há no texto menção a preservação de tradições arquitetônicas ou ao combate ao coronelismo. Esta última tampouco é característica do governo JK.

b) Correta. O trecho aponta que Brasília integrou o país pela interiorização, mas isolou o poder político.

c) Incorreta. O texto não fala em fracasso de atração de investimentos para o Centro-Oeste.

d) Incorreta. Não há referência a financiamento estrangeiro, e também é incorreto sugerir que esta é a contradição explicada pelo texto.

e) Incorreta. O texto não menciona rejeição às influências europeias.

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Questão 2

"O segundo governo de Vargas é marcado por inúmeras pressões. E em um Brasil em que já não vigoravam políticas de censura, Getúlio e seus apoiadores não poderiam simplesmente mandar prender ou censurar seus opositores. Mesmo assim, o político Carlos Lacerda, grande opositor de Vargas, sofreu um atentado, o qual foi atribuído e comprovado que partiu de membros da guarda pessoal do presidente Getúlio Vargas, aumentando as desconfianças em relação ao presidente e sobre a sua continuidade no comando do país."

(FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS. Governo Vargas. Exposição virtual. Rio de Janeiro: CPDOC, 2025. Disponível em: https://expo-virtual-cpdoc.fgv.br/governo-vargas. Acesso em: 14 ago. 2025.)

A comparação entre o Estado Novo (1937-1945) e o segundo governo Vargas (1951-1954) evidencia uma mudança significativa no contexto político brasileiro. Essa mudança se caracteriza principalmente pela:

a) transição de um regime autoritário com censura para um sistema democrático com liberdade de imprensa.

b) substituição do nacionalismo econômico pela abertura irrestrita ao capital estrangeiro.

c) transformação de uma política trabalhista paternalista em uma opressão e combate a qualquer tipo de associativismo.

d) passagem de uma industrialização planificada para uma economia baseada na exportação agrícola.

e) mudança de uma política externa de neutralidade para a adoção de um alinhamento aos EUA.

Gabarito explicado

a) Correta. A mudança central foi a passagem do regime autoritário com censura (Estado Novo) para um contexto democrático com liberdade de imprensa.

b) Incorreta. O segundo governo Vargas manteve políticas nacionalistas e não abriu de forma irrestrita ao capital estrangeiro.

c) Incorreta. Não houve combate generalizado ao associativismo. Vargas manteve parte da política trabalhista, buscando associar-se aos trabalhadores.

d) Incorreta. A industrialização continuou sendo prioridade no segundo governo.

e) Incorreta. É incorreto sugerir que Vargas herdou uma política externa de neutralidade. Seu antecessor, Eurico Gaspar Dutra, adotou o alinhamento automático com os EUA.

Questão 3

“Jânio começou a governar de forma desconcertante. Ocupou-se de assuntos desproporcionais à importância do cargo que ocupava, como a proibição do lança-perfumes, do biquini e das brigas de galo. No plano das medidas mais sérias, combinou iniciativas simpáticas à esquerda com medidas simpáticas aos conservadores. De algum modo, desagrava assim a ambos.

(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013., p. 373-4)

O texto-base identifica características do governo Jânio Quadros que contribuíram para seu enfraquecimento político, que pode ser explicado pela:

a) radicalização ideológica que levou ao rompimento definitivo com os setores conservadores.

b) implementação de uma política econômica populista que causou hiperinflação descontrolada.

c) aproximação diplomática com países socialistas que provocou a oposição de sindicatos.

d) perseguição sistemática aos opositores políticos através dos órgãos de segurança nacional.

e) concentração excessiva em questões administrativas menores e a ambiguidade política que gerou desconfiança em todos os grupos.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O texto não descreve radicalização ideológica, mas sim postura ambígua.

b) Incorreta. Não há menção a hiperinflação nem a populismo econômico.

c) Incorreta. Embora o episódio de Cuba simbolizasse um movimento de aproximação com países do bloco socialista, não foi este evento que provocou a oposição de sindicatos.

d) Incorreta. Essa não é uma característica condizente com o breve governo Jânio e tampouco é mencionada no texto-base.

e) Correta. O texto descreve excesso de atenção a assuntos menores e ambiguidade política, que desgastaram Jânio com todos os grupos.

Questão 4

“Matutos, caipiras, jecas; certamente era com esses olhos que, em 1950, os 10 milhões de citadinos viam os outros 41 milhões de brasileiros que moravam no campo, nos vilarejos e cidadezinhas de menos de 20 mil habitantes. Olhos, portanto, de gente moderna, “superior”, que enxerga gente atrasada, “inferior”. A vida da cidade atrai e fixa porque oferece melhores oportunidades e acena um futuro de progresso individual, mas também, porque é considerada uma forma superior de existência. A vida no campo, ao contrário, repele e expulsa”.

(SCHWARCZ, Lilia Moritz. (org.) História da Vida Privada no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.)

O processo descrito no texto se intensificou durante os anos 1950, especialmente no governo JK, quando o modelo de desenvolvimento adotado aprofundou as transformações sociais no país. Esse contexto se caracterizou pela:

a) democratização do acesso à terra através de uma ampla reforma agrária que fixou a população rural.

b) implementação de políticas públicas que equipararam as condições de vida entre campo e cidade.

c) modernização agrícola que tornou desnecessário o êxodo rural para os grandes centros.

d) industrialização concentrada nos centros urbanos que acentuou as desigualdades regionais e sociais.

e) descentralização industrial que promoveu o desenvolvimento equilibrado em diversas regiões do país.

Gabarito explicado

a) Incorreta. Não houve democratização ampla do acesso à terra nos anos 1950 e a reforma agrária não foi realizada.

b) Incorreta. O período não foi marcado por políticas que equiparassem condições entre campo e cidade. Pelo contrário, as desigualdades aumentaram.

c) Incorreta. A modernização agrícola ocorreu, mas não eliminou o êxodo rural.

d) Correta. A industrialização concentrou-se nos grandes centros urbanos, atraindo migrantes e ampliando desigualdades regionais e sociais.

e) Incorreta. Não houve descentralização industrial efetiva, já que o desenvolvimento foi bastante concentrado em regiões específicas, especialmente o Sudeste.

Questão 5

“JK concebia no Estado a pulsão construtiva do desenvolvimento e enxergava a cidade como sua picareta modernizadora. Brasília, a nova capital, era a meta-síntese disso, unindo a tradição à modernidade, a afirmação da nacionalidade ao desejo de integração do país a partir do centro e daí para o mundo.”

(MEMORIAL DA DEMOCRACIA. Nacional-desenvolvimentismo: a chave para o Brasil moderno. Museu virtual. [S. l.]: Memorial da Democracia, [s. d.]. Disponível em: https://memorialdademocracia.com.br/card/nacional-desenvolvimentismo. Acesso em: 14 ago. 2025.)

O texto evidencia a concepção de Estado adotada por JK que no campo econômico assume o papel de:

a) proprietário exclusivo dos meios de produção, eliminando a participação da iniciativa privada na economia.

b) regulador mínimo da economia, limitando sua atuação à garantia da livre concorrência entre empresas.

c) distribuidor de renda através de programas sociais massivos financiados pela tributação do capital.

d) agente principal do desenvolvimento econômico, coordenando investimentos públicos e privados através do planejamento.

e) promotor das reformas de base como base para a industrialização do país com justiça social.

Gabarito explicado

a) Incorreta. JK não propôs o monopólio estatal dos meios de produção, mas sim sua política integrava o setor privado.

b) Incorreta. O Estado de JK teve atuação intensa, não mínima, tal qual sugerido pelo excerto do exercício.

c) Incorreta. Embora houvesse investimentos sociais, a política de JK não se baseou prioritariamente em distribuição de renda via tributação do capital.

d) Correta. JK via o Estado como protagonista do desenvolvimento, articulando investimentos públicos e privados por meio de metas e planejamento estratégico, como no Plano de Metas.

e) Incorreta. As reformas de base não foram implementadas por JK. Elas foram bandeira posterior, especialmente no governo Jango.

Questão 6

Anúncio de convocação dos trabalhadores para as Reformas de Base, convocando-os para o Comício da Central do Brasil.
Anúncio no jornal Correio da Manhã. Rio de Janeiro, 13 de março de 1964. IN STARLING, Heloisa Murgel; MARQUES, Danilo Araújo; BAIÃO, Livia de Sá (org.). 1964: imagens de um golpe de Estado. Brasília: Senado Federal, 2025.

O anúncio apresentado convoca os trabalhadores para o "Comício das Reformas" realizado em março de 1964, durante o governo João Goulart. Este evento representou uma estratégia política que visava:

a) consolidar uma aliança entre o governo e as elites agrárias para modernizar a estrutura fundiária brasileira.

b) mobilizar as bases populares em apoio às transformações estruturais propostas pelo governo federal.

c) estabelecer um diálogo com os setores conservadores sobre a necessidade de mudanças graduais na economia.

d) promover a reconciliação nacional através do abandono das propostas mais radicais de reforma social.

e) articular com os trabalhadores um golpe preventivo para instalação de uma república aos moldes soviéticos.

Gabarito explicado

a) Incorreta. O evento não buscava aliança com elites agrárias, grupo que se opunha abertamente às reformas propostas.

b) Correta. O comício foi um ato de mobilização popular para apoiar reformas estruturais, como reforma agrária e urbana, defendidas por Jango.

c) Incorreta. Não se tratou de um diálogo gradual com setores conservadores, mas sim de um evento que buscava acelerar a implentação das reformas.

d) Incorreta. O comício reafirmou propostas radicais de transformação social, não as abandonou.

e) Incorreta. Embora acusado por opositores de ter inclinações “esquerdistas”, o objetivo do comício não era implantar um regime soviético, mas sim aprovar reformas no sistema democrático brasileiro.

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Lucas Pereira
Lucas Pereira
Bacharel e Licenciado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2013), com mestrado em Ensino de História pela mesma instituição (2020). Atua como professor de História na educação básica e em cursos pré-vestibulares desde 2013. Desde 2016, também desenvolve conteúdos educativos na área de História.