Exercícios sobre o pensamento de Immanuel Kant (com explicações)
Immanuel Kant é um dos filósofos mais influentes da modernidade, conhecido por suas reflexões sobre conhecimento e moral. Seus conceitos, como a “revolução copernicana” na filosofia, o imperativo categórico e a defesa da autonomia da razão, são fundamentais para quem se prepara para exames como o ENEM.
Neste material, você encontrará exercícios com explicações que ajudam a compreender melhor as principais ideias kantianas e sua importância na filosofia contemporânea.
Questão 1
“Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.” (KANT, Immanuel. Crítica da razão pura).
No prefácio da Crítica da Razão Pura, Kant explica sua proposta de uma “revolução copernicana” na filosofia. Sobre esse conceito:
A) Kant defendeu que o conhecimento deve ser orientado exclusivamente pelos dados dos sentidos.
B) Kant afirmou que os objetos se conformam ao nosso modo de conhecer, e não o contrário.
C) Kant sustentou que a razão deve ser submetida à fé para alcançar verdades últimas.
D) Kant defendeu que o conhecimento humano não depende de estruturas a priori.
E) Kant afirmou que o mundo é uma ilusão produzida pela mente, como em Berkeley.
A revolução copernicana de Kant significa que os objetos devem se conformar ao nosso modo de conhecer, ou seja, o conhecimento de ser orientado pelo sujeito e não pelo objeto. Assim como Copérnico propôs que a Terra gira em torno do Sol e não o contrário, Kant coloca o sujeito, e não o objeto, como o centro do processo de conhecimento.
Questão 2
“O ‘problema geral da razão pura’, sobre o qual se sustenta a legitimidade da metafísica, é: ‘como são possíveis juízos sintéticos a priori?’ (B 19). [...] Para que possamos ter conhecimento de objetos, nossas capacidades cognitivas devem estar envolvidas. [...] Se a ativação de nossas faculdades determina esses objetos de maneira que possam ser expressos em juízos sintéticos sobre os mesmos, então os conhecimentos de objetos que assim dependem de nossas faculdades serão conhecimentos sintéticos a priori.” (WOOD, Allen W. Kant: Introdução)
Avalie as afirmações abaixo sobre a teoria do conhecimento de Kant:
I. Para Kant, os juízos sintéticos a priori são necessários e universais.
II. Exemplos de juízos sintéticos a priori podem ser encontrados na matemática e na física.
III. Segundo Kant, todos os juízos são empíricos e, portanto, contingentes.
A) Apenas I é verdadeira.
B) Apenas II é verdadeira.
C) Apenas I e II são verdadeiras.
D) Apenas II e III são verdadeiras.
E) Todas são verdadeiras.
Kant demonstra que juízos sintéticos a priori são aqueles que ampliam o conhecimento e são necessários, como em “a linha reta é a menor distância entre dois pontos” (matemática). A afirmação III é falsa, pois nem todos os juízos são empíricos.
Questão 3
“A presente Fundamentação nada mais é, porém, do que a busca e fixação do princípio supremo da moralidade, o que constitui só por si no seu propósito uma tarefa completa e bem distinta de qualquer outra investigação moral.” (KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes)
Kant desenvolveu sua ética a partir do conceito de imperativo categórico. Assinale a alternativa que expressa corretamente esse princípio:
A) “Age apenas segundo a máxima que possas ao mesmo tempo querer que se torne lei universal.”
B) “Age de modo a buscar sempre a maior felicidade para o maior número de pessoas.”
C) “Age de acordo com as leis civis, pois são elas que definem o justo e o injusto.”
D) “Age segundo tuas inclinações naturais, desde que não prejudiques os outros.”
E) “Age conforme a tradição de tua cultura, pois ela é a base da moralidade.”
O imperativo categórico exige que nossas ações possam ser universalizadas. Diferentemente do utilitarismo (B), Kant funda a moral na razão, não nas consequências das ações.
Questão 4
“Juízos sobre um objeto ser belo ou feio são muito peculiares. [...] No entanto, se eu digo que certo objeto é belo e você diz que é feio, nós nos olhamos como discordando sobre alguma coisa – nós dois pensamos que, se uma de nossas asserções for verdadeira, então a outra deverá ser falsa. [...] Kant entende todos esses juízos, em qualquer caso, como predicando do sujeito propriedades objetivas das coisas.” (WOOD, Allen W. Kant: Introdução)
Sobre a teoria kantiana do belo, avalie:
I. Para Kant, o juízo estético é subjetivo, mas reivindica validade universal.
II. O prazer estético não depende de conceitos, mas da livre harmonia entre imaginação e entendimento.
III. A experiência do belo é idêntica à experiência do útil, pois ambas têm fins determinados.
A) Apenas I é verdadeira.
B) Apenas II é verdadeira.
C) Apenas I e II são verdadeiras.
D) Apenas II e III são verdadeiras.
E) Todas são verdadeiras.
Kant distingue o belo do útil: o belo é um “prazer desinteressado” e não se orienta por fins determinados. Logo, a afirmação III é falsa.
Questão 5
“Chamarei, pois, a este princípio, princípio da Autonomia da vontade, por oposição a qualquer outro que por isso atribuo à Heteronomia. O conceito segundo o qual todo o ser racional deve considerar-se como legislador universal por todas as máximas da sua vontade para, deste ponto de vista, se julgar a si mesmo e às suas ações[...]” (KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes)
Segundo Kant, a moralidade está vinculada ao conceito de autonomia. Nesse sentido:
A) Ser livre significa obedecer apenas aos instintos naturais.
B) A autonomia consiste em agir de acordo com leis que a razão impõe a si mesma.
C) A liberdade se resume à ausência de obstáculos externos.
D) A moralidade deriva do hábito social e das tradições culturais.
E) Autonomia é agir conforme a vontade divina revelada.
Para Kant, liberdade e moralidade se identificam na autonomia: obedecer à lei que a própria razão dá a si mesma, e não a inclinações ou mandatos externos.
Questão 6
“Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. Menoridade é a incapacidade de se servir de seu entendimento sem a direção de outrem. [...] Sapere aude! Tem coragem de usar teu próprio entendimento! Eis a divisa do Esclarecimento.” (KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: O que é Esclarecimento?)
Em seu ensaio Resposta à pergunta: o que é Esclarecimento? (1784), Kant afirma:
A) O esclarecimento consiste em abandonar toda forma de razão em favor da fé.
B) Esclarecimento significa alcançar o conhecimento absoluto da metafísica.
C) O esclarecimento depende da obediência irrestrita à autoridade política.
D) Esclarecimento é a emancipação da menoridade, quando o indivíduo ousa pensar por si mesmo.
E) O esclarecimento exige rejeitar toda ciência em nome da moral.
Kant define esclarecimento como a saída da menoridade, ou seja, a coragem de pensar por si mesmo.
Questão 7
“Se existe um dever e, ao mesmo tempo, uma esperança fundada de tornar efetivo o estado de um direito público, ainda que apenas numa aproximação que progride até ao infinito, então a paz perpétua, que se segue aos até agora falsamente chamados tratados de paz (na realidade, armistícios), não é uma ideia vazia, mas uma tarefa que, a pouco e pouco resolvida, se aproxima constantemente do seu fim (pois é de esperar que os tempos em que se produzem semelhantes progressos se tornem cada vez mais curtos).” (KANT, Immanuel. À Paz Perpétua)
Na obra À Paz Perpétua, Kant:
A) Defende a guerra como motor inevitável do progresso humano.
B) Rejeita a possibilidade de um direito internacional.
C) Considera a paz perpétua impossível e indesejável.
D) Sustenta que a paz depende da aplicação do imperativo categórico a cada nação.
E) Propõe uma federação de Estados republicanos como caminho para a paz.
Kant propõe, em À Paz Perpétua, uma federação de Estados republicanos regidos por leis racionais, capaz de assegurar a paz internacional.
Leia mais sobre Immanuel Kant e continue praticando com exercícios sobre os pensadores iluministas (com gabarito).
Referências Bibliográficas
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2010.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução de Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Edson Bini. São Paulo: Martin Claret, 2003.
KANT, Immanuel. Crítica da Faculdade do Juízo. Tradução de Valério Rohden e António Marques. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993.
KANT, Immanuel. Resposta à Pergunta: O que é Esclarecimento? In: KANT, Immanuel. Textos Seletos. Tradução de Floriano de Souza Fernandes. Petrópolis: Vozes, 2005.
KANT, Immanuel. À Paz Perpétua. Tradução de Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2008.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein. 13. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2020.
PORTA, Mario Ariel González. O pensamento de Immanuel Kant. Brasília, DF: Academia Monergista, 2023.
WOOD, Allen W. Kant: Introdução. Tradução de Ricardo R. Terra. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
Exercícios sobre o pensamento de Immanuel Kant (com explicações). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-o-pensamento-de-immanuel-kant-com-explicacoes/. Acesso em: