Exercícios sobre Mineração e Revoltas Coloniais
A mineração e as revoltas coloniais marcaram profundamente a história do Brasil no século XVIII. Os exercícios a seguir exploram esse período, unindo análise de textos, imagens e obras de arte para ajudar a compreender as causas, características e consequências desses eventos.
Teste seus conhecimentos sobre o tema e confira as respostas no gabarito explicado.
Questão 1
"A migração para o Brasil, na "idade do ouro", ocorreu em escala sem precedentes, causando forte inquietação nas autoridades portuguesas, receosas do despovoamento do reino. De fato, a população colonial de origem europeia duplicou no período do ouro (...). A razão de tamanho afluxo migratório residia em que, sendo o ouro do Brasil aluvional, os investimentos para sua extração eram mínimos..."
(VAINFAS, Ronaldo (Org.). Dicionário do Brasil colonial. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001. p. 398)
No século XVIII, a economia mineradora diferenciava-se da açucareira não apenas pela localização e pelo produto, mas também pelo tipo de investimento necessário para sua execução. O grande fluxo de migrantes para as áreas de mineração esteve relacionado:
a) à possibilidade de obtenção de ganhos com baixo investimento inicial e métodos de extração acessíveis, estimulando inclusive aventureiros sem experiência prévia.
b) à concentração do controle das lavras por companhias comerciais portuguesas, que ofereciam emprego regular a colonos recém-chegados.
c) à utilização de técnicas subterrâneas altamente especializadas, que demandavam grande número de engenheiros formados em Portugal.
d) ao predomínio do trabalho assalariado livre, que reduziu a dependência da mão de obra escravizada na economia colonial.
e) à necessidade de instalação de engenhos de beneficiamento, semelhantes aos da produção açucareira, o que impulsionou o capital investido na região.
a) Correta. O ouro aluvional exigia pouco investimento e podia ser explorado por pessoas sem experiência, atraindo muitos migrantes.
b) Incorreta. O controle das lavras não era centralizado por companhias comerciais portuguesas oferecendo emprego regular, mas sim por faiscadores e grandes proprietários de escravos.
c) Incorreta. Não predominavam técnicas subterrâneas avançadas nem grande presença de engenheiros formados em Portugal.
d) Incorreta. O trabalho assalariado livre não predominou, pois a mineração manteve forte uso de mão de obra escravizada.
e) Incorreta. A mineração não exigia instalação de engenhos como na produção açucareira.
Questão 2

A representação pictórica de Rugendas sobre a mineração no Brasil colonial evidencia aspectos importantes da organização do trabalho e das relações sociais no período. A análise da obra permite identificar:
a) a predominância do trabalho livre e assalariado nas atividades de mineração.
b) a utilização exclusiva de técnicas europeias avançadas na exploração aurífera.
c) a participação igualitária de diferentes grupos sociais no processo produtivo.
d) a mecanização precoce das atividades mineradoras no território brasileiro.
e) o emprego da mão de obra escravizada nas atividades auríferas.
a) Incorreta. A atividade mineradora não foi marcada pela predominância do trabalho livre e assalariado, mas sim pelo trabalho escravo de africanos.
b) Incorreta. Não se utilizaram exclusivamente técnicas europeias avançadas, já que muitas eram simples e manuais.
c) Incorreta. A participação no processo produtivo não era igualitária, havendo hierarquias e exploração com claros privilégios para a elite econômica.
d) Incorreta. Não houve mecanização precoce na mineração colonial e tampouco essa característica é evidente na imagem.
e) Correta. A imagem retrata o uso de mão de obra escravizada na extração do ouro.
Questão 3
“Na sociedade mineradora – como, de resto, nas outras partes da colônia – eram privilegiados os elementos que tivessem maior número de escravos. Mais da metade das lavras estava concentrada nas mãos de menos de 1/5 dos proprietários de negros; o próprio critério de concessão de datas assentava-se na quantidade de cativos possuídos, as maiores extensões indo para as mãos dos grandes senhores. Para esses, o luxo e a ostentação existiram de fato – não como sintomas de irracionalidade, conforme disseram muitos, mas como sinal distintivo do status social, como instrumento de dominação necessário à consolidação e manutenção do mando.”
(SOUZA, Laura de Mello e. Desclassificados do ouro: a pobreza mineira no século XVIII. 4. ed. ampl. Rio de Janeiro: Graal, 2004. p. 44-51.)
A análise apresentada pela historiadora Laura de Mello e Souza sobre a sociedade mineradora colonial destaca a função social do luxo e da ostentação naquele período. Segundo o texto, essas práticas representavam:
a) desperdícios econômicos que comprometiam o desenvolvimento da região mineradora.
b) influências culturais europeias inadequadas à realidade colonial brasileira.
c) estratégias de diferenciação social e legitimação do poder das elites locais.
d) tentativas de modernização dos costumes coloniais inspiradas no Iluminismo.
e) manifestações artísticas próprias da cultura religiosa desenvolvida nas Minas Gerais.
a) Incorreta. O texto não critica o luxo como desperdício econômico, mas sim aponta uma finalidade social e política para a época.
b) Incorreta. O argumento não trata de influências culturais inadequadas.
c) Correta. O luxo e a ostentação eram usados como símbolos de status, galhardia e legitimação do poder das elites.
d) Incorreta. Não há relação com modernização inspirada no Iluminismo.
e) Incorreta. O luxo não é apresentado como manifestação artística religiosa.
Questão 4
“O gatilho que deflagrou a Conjuração Mineira articulava três ordens de fatores de natureza distinta (...). Havia, em primeiro lugar, o rigor de uma política metropolitana que desconsiderava a realidade da produção do ouro e descartava a possibilidade de criação de projetos alternativos para a exploração do potencial econômico das Minas. Os outros dois fatores tinham caráter conjuntural: o desastre político representado pela administração corrupta do governador Cunha Meneses (...) e o retrocesso na relação das Minas com Portugal: num momento de recessão provocado pelo declínio da produção aurífera, Lisboa insistia na imposição da derrama, além de restringir o acesso da elite local a postos da administração régia...”
(Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 138)
Para as autoras do excerto, é fundamental compreender a Conjuração Mineira (1789) como um levante causado por elementos multifatoriais, de ordem econômica, política e social. Nesse sentido, o episódio:
a) foi motivado pelo declínio da produção de ouro, sendo um levante de caráter popular contra o monopólio da Coroa sobre as minas.
b) ocorreu como resultado direto da independência dos Estados Unidos, sendo liderada por artesãos e mineradores que buscavam a implantação de uma república democrática e antiescravagista.
c) contou com apoio declarado da França e dos Estados Unidos, nações articuladas em torno da promessa de adesão ao republicanismo.
d) expressou a insatisfação de setores da elite colonial com a perda de privilégios e com políticas fiscais impostas pela metrópole em um cenário de crise econômica.
e) visava à substituição do sistema monárquico pelo republicano, inspirada pela Revolução Francesa e conduzida com êxito militar sobre as tropas portuguesas.
a) Incorreta. Não foi um levante popular - isto é, das classes subalternas - contra o monopólio real, mas de setores da elite.
b) Incorreta. A independência dos EUA influenciou, mas o movimento não foi conduzido por artesãos e mineradores nem era antiescravagista.
c) Incorreta. Não houve apoio declarado da França ou dos EUA.
d) Correta. A elite colonial reagiu à perda de privilégios e à pressão fiscal em contexto de crise econômica.
e) Incorreta. O movimento não obteve êxito militar contra tropas portuguesas.
Questão 5
A inspiração dos rebeldes baianos veio principalmente da Revolução Francesa. No curso do processo, foram apreendidas obras filosóficas de autores como Voltaire e Condillac, que vários inconfidentes mineiros também conheciam. Ao lado dessas obras, aprecem pequenos textos políticos, de linguagem direta, definidores de posição. Esses textos atravessaram o Atlântico, chegaram às estantes de livros de gente letrada da Colônia e acabaram por inspirar os “pasquins sediciosos”e os panfletos lançados nas ruas de Salvador…”
(FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2014. p. 104)
O procedimento metodológico utilizado pelo historiador Boris Fausto para estabelecer a relação entre a Revolução Francesa e a Conjuração Baiana baseia-se em:
a) análise de fontes documentais apreendidas durante a repressão ao movimento.
b) relatos orais coletados entre os descendentes dos conjurados baianos.
c) correspondências privadas entre os líderes do movimento e intelectuais franceses.
d) comparação entre as constituições francesa e os projetos políticos baianos.
e) estudos arqueológicos realizados em locais onde ocorreram as reuniões secretas.
a) Correta. A análise parte de fontes documentais apreendidas, como livros e panfletos, para estabelecer a relação.
b) Incorreta. Não há menção a relatos orais de descendentes.
c) Incorreta. O argumento do autor não se baseia em correspondências privadas com intelectuais franceses.
d) Incorreta. A estrutura argumentativa do historiador não se baseia em uma comparação entre constituições.
e) Incorreta. O excerto não utiliza estudos arqueológicos para construção de sua hipótese.
Questão 6

ISBN: 978-85-7979-060-7
O painel de Portinari sobre Tiradentes, produzido na década de 1940, revela características específicas tanto em sua linguagem pictórica quanto em seu conteúdo histórico. A análise da obra permite identificar:
a) o uso de técnicas impressionistas europeias para criticar sutilmente o autoritarismo varguista.
b) a adoção estética neoclássica como forma de exaltação dos movimentos populares.
c) a utilização de elementos barrocos coloniais como forma de resistência cultural ao modernismo.
d) a incorporação de símbolos indígenas e africanos para valorizar a diversidade étnica brasileira.
e) o emprego de traços expressionistas e cubistas com temática histórica nacional para construir uma narrativa heroica.
a) Incorreta. O painel não se baseia em técnicas impressionistas. Portinari adota principalmente influências modernistas com traços expressionistas e cubistas, não o impressionismo europeu.
b) Incorreta. Não há adoção de estética neoclássica. A obra se afasta desse estilo acadêmico e aproxima-se de tendências modernas para representar temas históricos.
c) Incorreta. Embora haja referências históricas, não se utiliza de elementos barrocos coloniais como resistência cultural ao modernismo.
d) Incorreta. O painel não se caracteriza pela incorporação de símbolos indígenas ou africanos como foco central. A narrativa é centrada na figura de Tiradentes e na temática da Inconfidência Mineira.
e) Correta. Portinari emprega influências expressionistas e cubistas, unidas a temática histórica nacional, criando uma narrativa heroica sobre Tiradentes.
Para aprender mais: Revoltas coloniais no Brasil: quais foram as principais e suas causas
Continue praticando com exercícios sobre o Brasil Colonial (com gabarito).
PEREIRA, Lucas. Exercícios sobre Mineração e Revoltas Coloniais. Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-mineracao-e-revoltas-coloniais/. Acesso em: