Exercícios sobre Hannah Arendt (com gabarito)
Hannah Arendt foi uma das mais importantes pensadoras do século XX, reconhecida por suas análises profundas sobre o totalitarismo, a liberdade, o poder e a condição humana. Sua obra propõe uma reflexão crítica sobre os grandes eventos políticos do século passado, como o nazismo, o imperialismo e o declínio dos direitos humanos, especialmente diante das crises provocadas pelas guerras e pela perda da cidadania.
Nesta página, você encontrará exercícios resolvidos sobre Hannah Arendt, com questões de múltipla escolha acompanhadas de gabarito comentado. Ideal para reforçar os estudos em Filosofia, Sociologia e Atualidades.
Questão 1
No livro Origens do Totalitarismo, Hannah Arendt afirma que o antissemitismo moderno não pode ser reduzido apenas a preconceitos religiosos, mas que, junto do racismo, constituiu um elemento central para a ascensão de regimes totalitários no início do século XX.
Neste contexto, é possível afirmar que:
A) O antissemitismo era um fenômeno passageiro e secundário.
B) O antissemitismo era um reflexo de tradições medievais.
C) O antissemitismo converteu-se em ideologia política no século XX.
D) O antissemitismo inclui não apenas judeus, mas também negros e asiáticos.
Arendt mostra que o antissemitismo moderno foi politizado e tornou-se fundamento ideológico do nazismo, ultrapassando a dimensão religiosa.
Questão 2
Segundo Hannah Arendt, o imperialismo europeu e o neocolonialismo do século XIX gerou um “efeito bumerangue”, através do qual as práticas coloniais violentas passaram a ser replicadas na própria Europa, alimentando movimentos políticos extremistas, como o nazismo.
Essa tese significa que:
A) O neocolonialismo não influenciou a política europeia.
B) A violência colonial se restringiu à África, ao contrário da colonização de países asiáticos.
C) O imperialismo produziu ideologias e práticas que, voltando à Europa, tornaram-se efetivas em regimes totalitários.
D) Embora tenha sido violento, o imperialismo foi benéfico, pois promoveu o progresso europeu.
O “efeito bumerangue” destacado por Arendt mostra como o racismo e a violência usados na colonização serviram de base para as práticas violentas de regimes totalitários dentro da própria Europa.
Questão 3
No livro Eichmann em Jerusalém, Hannah Arendt descreveu o caso do burocrata nazista Adolf Eichmann, responsável pela logística do holocausto judeu, como exemplo da banalidade do mal.
O que a autora quer dizer com esta expressão?
A) O mal é sempre fruto de homens perversos.
B) Crimes terríveis podem ser cometidos por pessoas comuns.
C) O mal é uma característica inevitável da condição humana.
D) Quem obedece as ordens corretamente sempre pratica o bem.
Para Arendt, Eichmann não era um monstro perverso, mas um homem comum que se recusou a pensar criticamente, mostrando como o mal pode se banalizar na obediência cega a ordens.
Questão 4
O poeta e político Aimé Césaire, em seu Discurso sobre o colonialismo, afirmou:
“Ninguém coloniza inocentemente, ninguém coloniza impunemente; uma nação colonizadora, uma civilização que justifica a colonização – portanto a força – já é uma civilização doente, uma civilização moralmente atingida.”
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. São Paulo: Veneta, 2020.
Com base nessa citação e na interpretação de Hannah Arendt sobre o efeito bumerangue do imperialismo, analise as afirmações abaixo:
I. O colonialismo é sempre acompanhado de violência e degrada tanto os povos colonizados quanto as sociedades colonizadoras.
II. Para Arendt, as práticas violentas do colonialismo europeu retornaram para a própria Europa, contribuindo para o surgimento de regimes totalitários.
III. O neocolonialismo fortaleceu os valores democráticos europeus, apesar de sua violência contra os povos nativos.
Assinale a alternativa correta:
A) Apenas I é verdadeira.
B) Apenas I e II são verdadeiras.
C) Apenas II e III são verdadeiras.
D) I, II e III são verdadeiras.
Autores como Aimé Césaire e Hannah Arendt destacam que o colonialismo não é inocente: ele corrompe moralmente a civilização colonizadora (I) e produz práticas de violência que retornam para a Europa como fundamento de regimes totalitários (II). A afirmação III é falsa, pois o colonialismo não fortaleceu valores democráticos, mas sim práticas de dominação e racismo.
Questão 5
Segundo Marilena Chaui, para Hannah Arendt, “a política é a esfera da liberdade, que só existe na convivência com os outros”.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
Isso significa que:
A) Liberdade e política são antagônicos.
B) A política pode ser um instrumento de dominação.
C) A liberdade não é possível no isolamento.
D) A política só é possível em uma sociedade hierárquica.
Chaui sintetiza o pensamento arendtiano da seguinte forma: a liberdade se manifesta na ação e no convívio plural dos homens, no espaço público.
Questão 6
Celso Lafer destaca em seu livro Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder a importância do conceito de “direito a ter direitos”, surgido da reflexão arendtiana sobre os refugiados de guerra.
Esse conceito significa que:
A) Os direitos humanos são independentes do Estado.
B) Os direitos humanos coexistem com a cidadania.
C) Os direitos dependem do reconhecimento por uma comunidade política.
D) O direito é uma característica natural e não depende de instituições.
O “direito a ter direitos” mostra que sem pertencer a uma comunidade política (como no caso dos apátridas), a pessoa perde a garantia de qualquer outro direito.
Questão 7
Segundo Danilo Marcondes, no livro Iniciação à História da Filosofia, Hannah Arendt concebeu o totalitarismo como uma nova forma de dominação política, distinta de ditaduras tradicionais.
Neste contexto, pode-se afirmar que:
A) O totalitarismo é uma versão mais violenta de absolutismo.
B) Movido por uma ideologia, o totalitarismo busca destruir a própria esfera política.
C) O totalitarismo é um regime ideológico comparável às ditaduras.
D) O totalitarismo é uma ditadura militar baseada na ideologia de raça.
Marcondes destaca que Arendt vê o totalitarismo como novidade histórica. Seguindo uma ideologia baseada em leis sobre-humanas (Lei da Natureza ou Lei da História), o totalitarismo aniquila a pluralidade humana e a possibilidade da política, transformando os homens em seres supérfluos.
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Referências Bibliográficas
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2020.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
CÉSAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. São Paulo: Veneta, 2020.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
LAFER, Celso. Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018.
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História da Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.
Exercícios sobre Hannah Arendt (com gabarito). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-hannah-arendt-com-gabarito/. Acesso em: