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Exercícios sobre filosofia moral (com gabarito explicado)

A filosofia moral busca compreender os fundamentos das nossas ações, refletindo sobre o que significa agir de forma correta, justa ou virtuosa. Ao longo da história, pensadores como Aristóteles, Kant, Mill, Nietzsche, Foucault e outros ofereceram diferentes respostas a essas questões, construindo teorias que ainda hoje influenciam nossas escolhas e valores.

Nesta lista de exercícios com gabarito explicado, você poderá revisar os principais conceitos da ética e treinar sua interpretação filosófica para estudos e provas.

Questão 1

“Consequentemente, no sentido mais geral a pessoa capaz de bem deliberar é dotada de discernimento. Mas ninguém delibera acerca das coisas invariáveis, nem acerca de ações que não podem ser praticadas. [...] Portanto, uma vez que o conhecimento científico envolve demonstração, [...] o discernimento não pode ser conhecimento científico nem arte; ele não pode ser ciência porque aquilo que se refere às ações admite variações, nem arte, porque agir e fazer são coisas de espécies diferentes. A alternativa restante, então, é que ele é uma qualidade racional que leva à verdade no tocante às ações relacionadas com as coisas boas ou más para os seres humanos.”

(ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco).

De acordo com Aristóteles, a ética é:

A) Um saber prático, voltado para a ação e para a vida virtuosa.

B) Um saber teórico, abstrato, independente da vida concreta.

C) Uma técnica voltada apenas para a utilidade imediata.

D) Uma norma religiosa de conduta universal.

E) Uma lei natural imutável, sem relação com a deliberação humana.

Gabarito explicado

Para Aristóteles, a ética é um saber prático, pois não busca apenas o conhecimento teórico, mas a formação de hábitos virtuosos que conduzam à felicidade (eudaimonia). Diferente da ciência especulativa, ela se ocupa do agir humano e das escolhas possíveis, como mostra o trecho da Ética a Nicômaco.

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Questão 2

“O credo que aceita como fundamento da moral o Útil ou Princípio da Máxima Felicidade, considera que uma ação é correta na medida em que tende a promover a felicidade, e errada quando tende a gerar o oposto da felicidade. Por felicidade entende-se o prazer e a ausência da dor; por infelicidade, dor, ou privação do prazer.”

(MILL, John Stuart. O Utilitarismo).

De acordo com Mill, a base da moralidade deve ser:

A) A obediência incondicional à lei moral interior.

B) A busca da maior felicidade para o maior número de pessoas.

C) O cumprimento das tradições herdadas.

D) A realização da virtude como fim em si mesmo.

E) A submissão da razão à fé religiosa.

Gabarito explicado

Mill define o Princípio da Máxima Felicidade como o fundamento da moralidade. A ação correta é aquela que promove o prazer e a ausência de dor para o maior número de pessoas. Isso distingue sua teoria do kantismo, que se baseia na universalidade da lei moral, e da ética aristotélica, que se centra na virtude.

Questão 3

A respeito da diferença entre moral e ética, em seu Convite à Filosofia, Marilena Chauí esclarece que a moral se refere a normas, costumes e regras de comportamento de uma sociedade em determinado tempo histórico. A ética, por sua vez, busca compreender criticamente essas normas, avaliando seu sentido e seus fundamentos.

A partir dessa distinção, pode-se afirmar que:

A) A ética é relativa a cada cultura, enquanto a moral é universal.

B) A moral se preocupa com a fundamentação filosófica, e a ética com os costumes.

C) A ética reflete criticamente sobre a moral, questionando seus fundamentos.

D) A moral é um saber teórico, enquanto a ética é apenas prática.

E) Ética e moral são termos sinônimos e podem ser usados indistintamente.

Gabarito explicado

A moral se refere a normas e costumes sociais em um tempo e lugar específicos, enquanto a ética é a reflexão filosófica que analisa criticamente essas normas, investigando seus fundamentos. Por isso, a alternativa correta destaca o caráter crítico da ética, em contraste com o aspecto normativo da moral.

Questão 4

“O que leva a considerar os filósofos com olhar meio desconfiado, meio irônico não é o fato de continuamente percebermos como eles são inocentes[...], mas sim que não se mostrem suficientemente íntegros[...]. A rígida e virtuosa tartufice do velho Kant, com a qual ele nos atrai às trilhas ocultas da dialética, que encaminham, ou melhor, desencaminham, a seu ‘imperativo categórico’ – esse espetáculo nos faz sorrir, a nós, de gosto exigente, que achamos não pouca graça em observar os truques sutis dos moralistas e pregadores da moral.”

(NIETZSCHE, Friederich. Para além do bem e do mal)

O filósofo alemão Friederich Nietzsche considerava que a moral tradicional, herdada do cristianismo e disseminada na filosofia posterior, como por Immanuel Kant, impôs valores de submissão e ressentimento, contrários à afirmação da vida.

Para Nietzsche, a tarefa da filosofia moral seria:

A) Reforçar os valores tradicionais para garantir a ordem social.

B) Criar novos valores afirmativos, ligados à potência e à vida.

C) Fundar a moral em leis universais racionais.

D) Basear a moral no cálculo utilitarista da felicidade.

E) Retomar os princípios da virtude aristotélica sem críticas.

Gabarito explicado

Para Nietzsche, a moral tradicional cristã está ligada à submissão e ao ressentimento, impedindo a afirmação da vida. Sua proposta é a criação de novos valores, associados à força, à potência e à vontade de vida. Diferente de Kant ou Stuart Mill, que ainda buscavam fundamentos universais, Nietzsche defende uma moral afirmativa e criadora.

Questão 5

“O dever, afirma Kant, não se apresenta através de um conjunto de conteúdos fixos (...). O dever é uma forma que deve valer para toda e qualquer ação moral. Essa forma não é indicativa, mas imperativa (...). Por isso, o dever é um imperativo categórico. Ordena incondicionalmente. Não é uma motivação psicológica, mas a lei moral interior.”

(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia)

Com base na explicação de Chauí a respeito da filosofia moral de Immanuel Kant, é correto afirmar que, para Kant:

A) O dever é condicionado às inclinações naturais.

B) A moralidade depende das tradições religiosas de cada cultura.

C) O dever é uma forma universal e incondicional de orientar a ação moral.

D) A ação moral deve buscar sempre a felicidade como fim.

E) O dever é relativo às circunstâncias históricas.

Gabarito explicado

Em Kant, o dever é uma lei moral universal e incondicional, que não depende de inclinações pessoais ou contextos culturais. O imperativo categórico ordena de forma absoluta, garantindo a autonomia da razão prática. Assim, a alternativa correta expressa a ideia de que o dever é uma forma universal que deve orientar qualquer ação.

Questão 6

“O imperativo categórico exprime-se numa fórmula geral: Age em conformidade apenas com a máxima que possas querer que se torne uma lei universal. Em outras palavras, o ato moral é aquele que se realiza como acordo entre a vontade e as leis universais que ela dá a si mesma.”

(MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética).

O princípio do imperativo categórico kantiano indica que:

A) A moralidade depende do maior prazer para o maior número de pessoas.

B) A ação moral deve sempre buscar a felicidade do agente.

C) A lei moral é relativa às tradições culturais de cada povo.

D) A moralidade é universal e independe das inclinações particulares.

E) A ética deve se basear nos resultados úteis da ação.

Gabarito explicado

O imperativo categórico kantiano exige que as ações sejam orientadas por máximas que possam se tornar leis universais. Isso significa que a moralidade não depende de desejos individuais ou de resultados práticos, mas da universalidade da razão. Portanto, a alternativa correta expressa a validade universal e independente de inclinações.

Questão 7

“Conhece-se a ambiguidade dessa palavra. Por ‘moral’ entende-se um conjunto de valores e regras de ação propostas aos indivíduos e aos grupos por intermédio de aparelhos prescritivos diversos, como podem ser a família, as instituições educativas, as Igrejas etc. […] Porém, por ‘moral’ entende-se igualmente o comportamento real dos indivíduos em relação às regras e aos valores que lhes são propostos.”

(FOUCAULT, Michel. O uso dos prazeres).

Essa consideração de Foucault a respeito da moral mostra que:

A) A moral deve ser entendida apenas como valores fixos e universais.

B) A moralidade é uma experiência exclusivamente religiosa.

C) A moral não tem relação com instituições sociais.

D) A ética é sinônimo de moralidade tradicional.

E) A moral envolve tanto normas prescritas quanto práticas concretas dos indivíduos.

Gabarito explicado

Foucault mostra que “moral” é um termo ambíguo: designa tanto os sistemas de valores prescritos por instituições quanto o comportamento real dos indivíduos diante dessas normas. Assim, a moral envolve não apenas regras fixadas externamente, mas também a prática concreta de como as pessoas lidam com tais regras.

Continue praticando:

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Referências Bibliográficas

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução: Mario da Gama Kury. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2010.

FOUCAULT, Michel. O uso dos prazeres. História da sexualidade II. Rio de Janeiro: Graal, 2010.

LOUIS, P.; TRAMEL, P. Moral Philosophy: A Reader. New York: Oxford University Press, 2009.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética – De Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.

MILL, John Stuart. O utilitarismo. Trad. Alexandre Braga Massella. 2 ed. São Paulo: Iluminuras, 2020.

NIETZSCHE, Friederich. Para além do bem e do mal, São Paulo: Companhia das Letras, 2000.