Exercícios sobre filosofia contemporânea para o ENEM (com gabarito)
Estudar filosofia contemporânea é essencial para compreender temas que aparecem no ENEM, como liberdade, poder, ética, ciência e sociedade. Neste material, você encontrará exercícios com gabarito comentado sobre pensadores como Foucault, Arendt, Habermas, Adorno, Horkheimer e Sartre, que ajudam a revisar conteúdos importantes e a praticar a interpretação de textos filosóficos.
Bons estudos!
Questão 1
“Em algumas dezenas de anos, desapareceu o corpo supliciado, esquartejado, amputado, marcado simbolicamente no rosto ou no ombro, exposto vivo ou morto, dado como espetáculo. Desapareceu o corpo como alvo principal da repressão penal” (FOUCAULT, Michel, Vigiar e Punir).
Em Vigiar e Punir (1975), Michel Foucault analisa a passagem da punição corporal pública para formas mais sutis de disciplina. O autor mostra que:
A) A modernidade aboliu totalmente os mecanismos de vigilância.
B) A prisão é apenas um espaço físico de reclusão, sem efeitos sociais mais amplos.
C) O poder disciplinar se exerce por meio de instituições como escolas, quartéis e hospitais.
D) O suplício público é a forma mais eficaz de controle social na modernidade.
E) O poder está sempre centralizado no Estado e não em redes sociais difusas.
Para Foucault, o poder disciplinar moderno não se limita ao Estado, mas se difunde em instituições que normalizam e controlam corpos e comportamentos.
Questão 2
“Quanto mais se ouvia Eichmann, mais óbvio ficava que sua incapacidade de falar estava intimamente relacionada com sua incapacidade de pensar, ou seja, de pensar do ponto de vista de outra pessoa. Não era possível nenhuma comunicação com ele, não porque mentia, mas porque se cercava do mais confiável de todos os guarda costas contra as palavras e a presença de outros e, portanto contra a realidade enquanto tal.” (ARENDT, Hannah, Eichmann em Jerusalém).
No livro Eichmann em Jerusalém (1963), Hannah Arendt desenvolveu o conceito que ficou conhecido como “banalidade do mal”. O que a filósofa quis indicar com essa formulação?
A) Que os crimes nazistas eram banais e pouco relevantes.
B) Que Adolf Eichmann era um gênio do mal, excepcional e diabólico.
C) Que o mal pode ser praticado por pessoas comuns de maneira irrefletida.
D) Que o totalitarismo foi fruto exclusivo de líderes carismáticos.
E) Que o mal é inevitável e inerente à natureza humana.
Arendt mostrou que Eichmann não era um monstro, mas um burocrata comum, incapaz de refletir criticamente sobre suas ações, revelando como a obediência cega pode gerar atrocidades.
Questão 3
“No agir, comunicativo os participantes não se orientam em primeira linha pelo êxito de si mesmos; perseguem seus fins individuais sob a condição de que sejam capazes de conciliar seus diversos planos de ação com base em definições comuns sobre a situação vivida. De tal forma, a negociação sobre as definições acerca da situação vivida faz-se um componente essencial das exigências interpretativas necessárias ao agir comunicativo.” (HABERMAS, Jürgen, Teoria do Agir Comunicativo).
Sobre o pensamento de Jürgen Habermas e sua Teoria da Ação Comunicativa, analise as afirmativas:
I. Habermas defende que a racionalidade comunicativa permite alcançar consensos baseados na argumentação.
II. A razão comunicativa é oposta à razão instrumental, que busca apenas eficiência e resultados técnicos.
III. Para Habermas, a esfera pública deve ser entendida como espaço de diálogo livre, mas subordinada a interesses econômicos.
Está correto o que se afirma em:
A) I, apenas.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) I, II e III.
Habermas defende a esfera pública como espaço autônomo, não subordinado ao mercado; logo, a afirmativa III é incorreta.
Questão 4
“A cultura é uma mercadoria paradoxal. Ela está tão completamente submetida à lei da troca que não é mais trocada. Ela se confunde tão cegamente com o uso que não se pode mais usá-la. É por isso que ela se funde com a publicidade. Quanto mais destituída de sentido esta parece ser no regime do monopólio, mais todo-poderosa ela se torna. Os motivos são marcadamente econômicos.” (ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max, Dialética do Esclarecimento).
Em Dialética do Esclarecimento (1947), Adorno e Horkheimer desenvolveram o conceito de indústria cultural. Esse conceito indica que:
A) A cultura de massas é sempre uma forma autônoma de resistência popular.
B) A produção cultural no capitalismo transforma obras em mercadorias padronizadas para consumo.
C) A indústria cultural promove a emancipação individual por meio da arte popular.
D) A cultura, no capitalismo, é independente da lógica econômica.
E) O esclarecimento moderno elimina a possibilidade de dominação.
A crítica da Escola de Frankfurt mostra que, sob a lógica da indústria cultural, a arte e o entretenimento são subordinados ao mercado, reforçando a dominação.
Questão 5
“O homem está condenado a ser livre; condenado porque não se criou a si próprio, e, no entanto, livre porque, uma vez lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.” (SARTRE, Jean-Paul, O Existencialismo é um Humanismo).
No existencialismo de Jean-Paul Sartre, a frase “o homem está condenado a ser livre” significa que:
A) O ser humano não possui escolhas e está preso a um destino biológico.
B) A liberdade é uma ilusão criada pelas condições sociais.
C) A liberdade é privilégio apenas de algumas classes sociais.
D) A liberdade só pode ser alcançada por meio da obediência a normas universais.
E) Como um ser cuja essência não é pré-definida, o homem possui autonomia de escolhas.
Para Sartre, a ausência de uma essência pré-determinada implica que o homem é livre e responsável por seus atos, ainda que essa liberdade traga angústia.
Questão 6
"O poder deve ser analisado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede” (FOUCAULT, Michel, Microfísica do Poder)
Analise as proposições sobre a concepção de poder em Michel Foucault:
I. O poder está concentrado apenas no Estado e em seus aparelhos repressivos.
II. O poder circula em redes, estando presente em práticas cotidianas de vigilância e normatização.
III. O poder se exerce também por meio do saber, como nas ciências médicas e psicológicas.
Está correto o que se afirma em:
A) I e II, apenas.
B) I, II e III.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) II, apenas.
Foucault rompe com a visão clássica do poder como algo centralizado: ele é difuso, relacional e se exerce junto ao saber em práticas sociais cotidianas.
Questão 7
“Em vez de dizer que o governo totalitário não tem precedentes, poderíamos dizer que ele destruiu a própria alternativa sobre a qual se baseiam, na filosofia política, todas as definições da essência dos governos, isto é, a alternativa entre o governo legal e o ilegal, entre o poder arbitrário e o poder legítimo. Nunca se pôs em dúvida que o governo legal e o poder legítimo, de um lado, e a ilegalidade e o poder arbitrário, de outro, são aparentados e inseparáveis. No entanto, o totalitarismo nos coloca diante de uma espécie totalmente diferente do governo.” (ARENDT, Hannah, Origens do Totalitarismo).
Em Origens do Totalitarismo (1951), Hannah Arendt analisa os regimes totalitários do século XX. Para a pensadora, o totalitarismo se caracteriza por:
A) Valorizar a pluralidade política e o debate público.
B) Manter instituições democráticas mesmo sob regimes autoritários.
C) Combinar ideologia e terror para destruir a possibilidade da política.
D) Basear-se em crises econômicas, não em ideologias.
E) Preservar a autonomia do indivíduo frente ao Estado.
Arendt mostra que o totalitarismo não é um autoritarismo comum, mas um regime que une ideologia e terror para eliminar a liberdade humana e a pluralidade política.
Continue testando seus conhecimentos:
Exercícios sobre Hannah Arendt (com gabarito)
Exercícios sobre Michel Foucault (com questões resolvidas)
Referências Bibliográficas
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 40. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
HABERMAS, Jürgen. Teoria da Ação Comunicativa. Tradução de Flávio Beno Siebeneichler. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.
SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. Tradução de João Batista Kreuch. Petrópolis: Vozes, 2014.
Exercícios sobre filosofia contemporânea para o ENEM (com gabarito). Toda Matéria, [s.d.]. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/exercicios-sobre-filosofia-contemporanea-para-o-enem-com-gabarito/. Acesso em:
 
                                     
     
        