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Desmetropolização: entenda o que é e como funciona

Desmetropolização é o processo inverso da metropolização. Consiste na saída de pessoas, fluxos financeiros, serviços e empresas das metrópoles para cidades pequenas ou médias.

Tem sido constatado, na última década, a redução ou a estagnação do crescimento de muitas metrópoles brasileiras por causa saturação dos centros metropolitano, apresentando alto custo de vida, violência urbana, trânsito, poluição, dentre outras questões.

Ao mesmo tempo, existe um movimento de descentralização de empresas e serviços para cidades médias, já que o custo de instalação é menor. Logo, as cidades médias vêm recebendo mais investimentos e melhorando suas infraestruturas. Além disso, tem sido feitos incentivos fiscais e logísticos para o processo de interiorização.

A estruturação das cidades média, os fluxos financeiros e a oferta de serviços têm atraído pessoas para viverem nelas. Geralmente são setores da classe média ou média alta que buscam mais qualidade de vida e redução dos gastos cotidianos.

Esquema dos momentos de um processo de desmetropolização

Desmetropolização no Brasil

A desmetropolização no Brasil é uma realidade. As principais metrópoles têm apresentado crescimento negativo ou estagnação e as cidades médias do interior vêm mostrando crescimento.

Metrópoles em processo de desmetropolização, de acordo com dados do Censo 2022, e suas principais causas:

  • São Paulo: crescimento muito baixo (1,76%) pelo alto custo de vida e pela saturação urbana;
  • Rio de Janeiro: queda populacional, de 1,72% causada pela crise econômica, violência e desemprego;
  • Belo Horizonte: queda populacional e a busca por qualidade de vida em cidades menores. A capital registrou queda de 2,51% em sua população entre os dois últimos Censos;
  • Porto Alegre: queda significativa da população em 5,45% e migração para cidades da Região Metropolitana;
  • Recife: queda do crescimento em 3,71% por causa da violência e do crescimento das cidades do interior.

No caso das cidades médias em crescimento, as principais são:

  • Campinas (SP): é próxima à capital e possui polos universitário e industrial;
  • São José dos Campos (SP): presença de indústria aeroespacial e tecnológica (EMBRAER e INPE);
  • Ribeirão Preto (SP): excelente qualidade de vida, desenvolvimento pelo agronegócio;
  • Juiz de Fora (MG): polo universitário, presença de serviços e proximidade com o Rio de Janeiro;
  • Maringá (PR): excelente planejamento urbano e qualidade de vida;
  • Petrolina (PE): Polo agrícola de fruticultura para exportação;
  • Caruaru (PE): Polo têxtil;

Como mostrado, as cidades médias estão em amplo crescimento, com disponibilidade de serviços e vagas de emprego. Além disso, muitas são planejadas e possuem polos universitários ou tecnológicos.

Consequências

As principais consequências da desmetropolização no Brasil são:

Redistribuição populacional

Crescimento acelerado das cidades médias, ao mesmo tempo em que há o esvaziamento das grandes metrópoles. Isso gera mudanças no perfil demográfico da população. As faixas etárias mais jovens geralmente buscam melhores oportunidades em outras cidades. Esse processo pode gerar o envelhecimento da população das metrópoles.

Descentralização econômica

A transferência das operações de empresas para cidades menores gera mudanças logísticas e a perda da arrecadação das metrópoles. Ocorre então uma desaceleração econômica das grandes cidades. Ao mesmo tempo, os polos regionais são fortalecidos, atraindo mais investimentos. Uberlândia, por exemplo, apresentou ritmo de crescimento maior do que Belo Horizonte.

Mudanças urbanas e novos planejamentos

Com menos pessoas, pode ocorrer uma melhora relativa na vida das metrópoles, mas isso depende da gestão de cada cidade. Simultaneamente, as cidades médias passam a ter novos desafios com o aumento da população. Por exemplo, Sorocaba e Campinas passaram a apresentar problemas de trânsito e habitação. Esses processos geram mudanças na hierarquia urbana e novos desafios para as políticas públicas

Questões ambientais

A expansão urbana desordenada nas cidades médias pode gerar desmatamento, construções em áreas irregulares e poluição. Há também o aumento do consumo de recursos naturais nessas cidades. Cidades fluminenses como Petrópolis e Maricá têm apresentado crescimento da urbanização em áreas ambientais sensíveis.

Entenda o que é a metropolização

O processo de metropolização é a formação de uma metrópole, ou seja, o crescimento de uma cidade concentrando pessoas, serviços e fluxos financeiros.

No Brasil esse processo ocorreu especialmente entre as décadas de 1950 e 1980. Nesse período houve intensa industrialização e urbanização na região Sudeste e êxodo rural das regiões Norte e Nordeste. Tanto a industrialização, como a urbanização e o êxodo rural, foram processos rápidos e sem planejamento. Isso gerou consequências para as estruturas urbanas.

As principais consequências são a precarização da infraestrutura urbana, que não é capaz de atender a demanda populacional, e a segregação socioespacial. De modo geral, a infraestrutura urbana das metrópoles brasileiras é precária na oferta de transportes públicos, saúde, educação, saneamento básico, etc.. A segregação socioespacial ocorre porque a maioria da população não tem acesso às partes urbanas onde são ofertados os melhores serviços.

As cidades ficam segregadas, facilitando o surgimento de áreas esquecidas pelo poder público, nas quais o poder paralelo assume o domínio. Há então o aumento da violência urbana e da sensação de insegurança.

As metrópoles brasileiras enfrentam problemas como esses, que culminam no aumento do custo de vida e, simultaneamente, na baixa qualidade de vida. É nesse ponto que o processo de desmetropolização começa a acontecer.

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Referências Bibliográficas

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE).
Censo Demográfico 2022: resultados preliminares da população e dos domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, 2023. Disponível em: https://www.ibge.gov.br. Acesso em: 08 ago. 2025.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Dinâmica populacional e migrações internas no Brasil: 2000-2022. Brasília: IPEA, 2023. Disponível em: https://www.ipea.gov.br. Acesso em: 08 ago. 2025.

RIBEIRO, Ana Clara Torres. Cidade, metrópole, região: transformações da urbanização brasileira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.