🚀 Ferramentas de estudo por menos de R$1/dia

Cerrado: aspectos biológicos e ecológicos deste bioma brasileiro

O cerrado caracteriza-se por ser o segundo maior bioma em extensão no Brasil, ocupando, aproximadamente, 24% do território do país. Ele se encontra principalmente na região Centro-Oeste, e se espalha para áreas das regiões Sudeste, Norte e Nordeste, cobrindo partes de até 9 estados.

Predominantemente, o clima é do tipo tropical sazonal, possuindo duas estações bem definidas: um período chuvoso no verão e um período seco no inverno. As temperaturas são altas o ano todo.

No relevo observa-se a predominância de planaltos e a formação de chapadões. O solo do Cerrado é profundo, ácido e pobre em nutrientes, especialmente fósforo, o que influencia diretamente a vegetação e a fauna locais.

A vegetação é predominantemente rasteira com árvores espaçadas, denominada savânica. As árvores são de pequeno porte e possuem troncos retorcidos, casca grossa e raízes profundas, como forma de adaptação às características climáticas. Algumas áreas podem apresentar formação de matas densas e pradarias.

Devido às condições de solo, clima e à ocorrência frequente de queimadas naturais, os seres vivos que habitam o Cerrado precisaram desenvolver adaptações estruturais, fisiológicas e comportamentais para sobreviver. Essas estratégias são fundamentais para a manutenção da vida nesse bioma.

Tipos de ecossistemas do Cerrado

O Cerrado não é uniforme; ele é formado por diferentes fitofisionomias, ou seja, paisagens vegetais distintas:

  • Campo limpo: áreas com predomínio de gramíneas e quase ausência de árvores.
  • Campo sujo e campo cerrado: transições entre campos abertos e formações mais densas, com arbustos esparsos.
  • Cerrado típico: a paisagem mais conhecida do bioma, com árvores baixas, tortuosas e espaçadas, misturadas a gramíneas.
  • Cerradão: formação mais fechada, com árvores de maior porte, lembrando uma floresta.
  • Veredas: áreas úmidas, geralmente associadas à presença do buriti (Mauritia flexuosa), palmeira que indica a existência de lençóis freáticos superficiais.

Diversidade vegetal

No Cerrado predominam gramíneas, arbustos e árvores de pequeno porte, que apresentam adaptações especiais para resistir ao clima seco e ao solo pobre.

Adaptações típicas

  • Raízes profundas, que permitem alcançar a umidade presente em camadas subterrâneas do solo.
  • Casca grossa e troncos retorcidos, que protegem contra o fogo e reduzem a perda de água.
  • Folhas pequenas e coriáceas (duras), adaptadas para reduzir a evaporação.
  • Sementes resistentes ao calor, capazes de germinar após as queimadas.

As queimadas naturais fazem parte da dinâmica do Cerrado e muitas espécies vegetais dependem delas para se regenerar. Algumas plantas liberam suas sementes somente após o fogo, garantindo a renovação da vegetação.

Diversidade animal

O Cerrado abriga uma das maiores biodiversidades do mundo, com milhares de espécies de insetos, aves, répteis, anfíbios e mamíferos.

Exemplos de adaptações

  • Mamíferos, como o lobo-guará e o tamanduá-bandeira, apresentam hábitos noturnos ou crepusculares, evitando as horas mais quentes do dia.
  • Répteis, como lagartos e serpentes, aproveitam o calor do sol, mas também utilizam tocas e áreas sombreadas para regular a temperatura corporal.
  • Aves, como a ema e o carcará, adaptaram-se ao ambiente aberto, com boa visão e grande mobilidade para localizar presas.
  • Insetos e anfíbios apresentam ciclos de vida sincronizados com as chuvas, aproveitando a disponibilidade de água no período úmido.

As estratégias de comportamento (como migração, hábitos noturnos) e fisiológicas (armazenamento de gordura, regulação da temperatura corporal) são fundamentais para garantir a sobrevivência.

Relações entre espécies

No Cerrado, as relações ecológicas desempenham papel essencial para a manutenção dos ecossistemas:

  • Polinização: muitas plantas dependem de abelhas, aves e morcegos para a reprodução. Algumas flores do Cerrado só podem ser polinizadas por espécies específicas de insetos.
  • Dispersão de sementes: animais como o lobo-guará e a ema espalham sementes ao se alimentar de frutos, auxiliando na regeneração da vegetação.
  • Predação e controle populacional: predadores como a onça-pintada e o carcará mantêm o equilíbrio das populações de presas.
  • Mutualismo: algumas árvores, como o ipê, abrigam formigueiros que, em troca, ajudam na defesa da planta contra herbívoros.

Essas relações ecológicas fortalecem a biodiversidade do Cerrado e garantem a resiliência do bioma diante de mudanças ambientais.

Continue estudando:

Animais do Cerrado

Biomas brasileiros: tipos e características (resumo com mapa mental)

Referências Bibliográficas

AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna: volume único. São Paulo: Moderna, 2006. 839 p.

COUTINHO, L. M. Biomas brasileiros. 1. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. 160 p.