Aquífero Alter do Chão

O aquífero Alter do Chão possui o maior volume de água doce subterrânea conhecida do planeta. Em termos de extensão é menor do que o Aquífero Guarani, porém apresenta maior quantidade de água (aproximadamente 86 mil km³). Localiza-se na região Norte brasileira, nos estados do Amazonas, Pará e Amapá.

Características

O aquífero Alter do Chão estende-se por 437.500 km² e possui profundidade variável. Está inserido na bacia sedimentar da Amazônia e sua formação geológica é composta basicamente por arenitos. O arenito é uma rocha sedimentar, ou seja, porosa, que possui muitos espaços entre seus sedimentos. Essa alta permeabilidade da água facilita a recarga do aquífero.

Outros pontos do aquífero são compostos por argilitos, rochas menos permeáveis, que funcionam como barreiras naturais dentro do aquífero. A presença de argilitos cria zonas de confinamento no aquífero. Essas zonas dificultam ou impedem o fluxo de águas subterrâneas entre camadas.

A renovação das águas do aquífero é constante e lenta. É constante porque a alta pluviosidade da região Amazônia auxilia na recarga de forma regular ao longo do ano. E lenta porque a água precisa percorrer grandes distâncias subterrâneas, tanto verticais, como horizontais. A infiltração e percolação podem levar décadas, ou até mesmo séculos.

As águas da região Amazônica são relativamente puras, se comparadas à outras regiões. Portanto, as águas do Alter do Chão possuem boa qualidade físico-química. Além disso, as camadas do solo e o arenito das rochas atuam como uma espécie de filtro natural.

Localização do aquífero Alter do Chão e esquema de composição rochosa

Importância do aquífero

Atualmente a água subterrânea do Alter do Chão é utilizada por populações ribeirinhas, indígenas e até mesmo urbanas. Esses grupos utilizam poços artesianos, em profundidades acessíveis. Como a água é de boa qualidade, são necessários processos mínimos para torná-la potável. É uma ótima alternativa para a população, pois os rios podem passar por contaminações sazonais.

Ademais, o aquífero é uma reserva estratégica de recursos. A escassez hídrica é um problema crescente em todo o mundo. Possuir uma reserva de água doce do tamanho do Alter do Chão em território nacional é crucial para cenários de crises futuras.

O aquífero serve também como regulador do ciclo da água. A água é armazenada e depois liberada de forma lenta ao longo do ano. Isso mantém a umidade do solo e o fluxo mínimo dos rios em períodos de estiagem. Ao regular o ciclo da água, a estabilidade climática também é regulada, influenciando o regime de chuvas no Brasil e em outras regiões da América do Sul.

Problemas ambientais

O desmatamento da Amazônia expõe o solo, diminui a infiltração da água no solo e reduz a recarga do aquífero. O avanço da fronteira agrícola e a especulação fundiária na região têm contribuído para a diminuição da cobertura vegetal principalmente nas regiões do Pará e Amazonas.

O agronegócio é a causa de parte do desmatamento na região e também da poluição das águas pelos agrotóxicos. O uso intensivo de fertilizantes químicos e pesticidas contamina o solo, as águas superficiais e as subterrâneas.

A mineração é uma atividade de alto impacto para o meio ambiente. O garimpo ilegal é ainda pior pois não cumpre os requisitos mínimos de compensação ambiental e redução de impactos. O mercúrio, utilizado para a separação do ouro de outros minerais, contamina as águas subterrâneas. Além disso, o maquinário usado para escavar o solo afeta a dinâmica da água subterrânea. As regiões de Santarém e Alter do Chão, no Pará, sofrem com o garimpo irregular.

O crescimento urbano desordenado impermeabiliza o solo e dificulta a recarga do aquífero. Além disso, o saneamento básico inadequado ou inexistente contamina as águas subterrâneas com metais pesados, coliformes fecais e solventes. As cidades de Santarém, no Pará, e Manaus, no Amazonas, são exemplos de expansão urbana desordenada.

Mesmo com sua importância, o aquífero Alter do Chão ainda não tem estudos suficientes sobre sua dinâmica. Isso dificulta o planejamento e a formulação de política públicas voltadas para a questão hídrica subterrânea. Com pouca fiscalização, a degradação é mais intensa.

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Referências Bibliográficas

ANA – Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico. Atlas das Águas Subterrâneas do Brasil. Brasília: ANA, 2021. Disponível em: https://www.gov.br/ana/pt-br. Acesso em: 28 jul. 2025.

BRITO, A. P. de; MANZIONE, R. L.; WAHNFRIED, I. D. Groundwater dynamics and hydrogeological processes in the Alter do Chão Aquifer: a case study in Manaus, Amazonas – Brazil. (2025).

CUSTÓDIO, Emilio; LLAMAS, M. R. Hidrologia Subterrânea. Barcelona: Ediciones Omega, 1983.

GONÇALES, S. C. B.; MIRANDA, J. S. N. Caracterização da qualidade das águas subterrâneas do aquífero Alter do Chão: estudo das estações da Rede de Monitoramento de Águas Subterrâneas (RIMAS) em Manaus‑AM. Águas Subterrâneas, São Paulo, 2015.